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Jornais europeus pessimistas sobre solução para o impasse do ‘Brexit’

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As capas das edições de hoje dos jornais europeus concordam que está instalado um impasse sobre o ‘Brexit’, sem que se vislumbre uma solução para o problema.

Os jornais britânicos de hoje falam do impasse provocado pelo chumbo no Parlamento do acordo que a primeira-ministra, Theresa May, negociou com a Europa, com alguns a apontar o dedo à líder do governo e outros a remeterem responsabilidades para o líder da oposição, Jeremy Corbyn.

Na Europa, os jornais salientam os planos de contingência que estão a ser preparados para a eventualidade de uma saída do Reino Unido sem acordo e falam do “caos” em que os britânicos colocaram o processo negocial.

O jornal britânico i cita fontes do executivo de Theresa May para dizer que o Reino Unido procurará uma saída suave da União Europeia (UE), explicando que o plano da primeira-ministra é procurar manter ligações fortes com os 27 países da UE.

As mesmas fontes do jornal indicam que Theresa May já terá perdido o controlo do processo de saída e que a solução do “soft Brexit” poderá ser aquele que mais aceitação terá no Parlamento britânico.

A manchete do jornal Financial Times de hoje diz que Theresa May vai procurar ideias para o Brexit após uma apertada vitória numa moção de confiança, apontando a sua menor autoridade, que limita a sua margem de manobra.

O jornal financeiro britânico fala ainda das condições que o líder da oposição, Jeremy Corbyn, aponta para poder negociar com Theresa May, nomeadamente retirar da mesa a possibilidade de uma saída sem acordo.

A questão do Brexit sem acordo é também capa do The Daily Telegraph, que na manchete contorna a moção de confiança votada no Parlamento e se centra na notícia de que os deputados britânicos prometeram aos empresários que evitarão esse cenário catastrófico.

Os jornais The Times e Daily Mail concordam em apontar Jeremy Corbyn como principal responsável pelo impasse, com o primeiro a dizer que o líder da oposição ignorou o apelo da primeira-ministra para encetar negociações e o segundo, de forma mais assertiva, a dizer que Corbyn “bateu com a porta”, numa posição que tornará difíceis avanços na solução.

O Daily Express aponta o dedo em sentido contrário, responsabilizando a primeira-ministra pelo impasse.

“Perdeste o respeito da nação”, diz a manchete do Daily Express, sobre May, dizendo que este facto explica porque Jeremy Corbyn nem sequer se preocupa em se sentar à mesa com a líder do Governo.

O The Guardian remete o cerne do problema para a necessidade de a bancada parlamentar do Partido Conservador se entender sobre o plano de saída do Reino Unido, salientando que as divisões se acentuaram nas últimas semanas, o que está a provocar um impasse.

Do outro lado do Atlântico, o The New York Times fala numa “crise perpétua” à volta do Brexit e diz que a pessoa responsável pela situação se chama Theresa May, falando mesmo do “mundo bizarro” da política britânica, onde a primeira-ministra perdeu já o pé.

Na Europa continental, as manchetes centram-se nos planos de contingência para a possibilidade de um “hard Brexit” que os países da União estão a preparar.

Na primeira página, o jornal francês Le Figaro fala do plano de emergência que o governo de Édouard Philippe já está a preparar e, nas páginas interiores, fala da “missão impossível” que Theresa May tem pela frente.

Com a mesma leitura do problema, o Le Monde também fala dos planos de contingência para uma saída sem acordo e lembra a falta de interesse dos europeus pelo acordo que foi estabelecido entre a UE e o Reino Unido.

O jornal italiano La Repubblica chama para a primeira página um artigo de análise cujo título refere que o ‘Brexit’ é “um favor para os populistas”, explicando que um adiamento da saída do Reino Unido da UE terá pesadas consequências a longo prazo e vai dar bons argumentos para os movimentos populistas antieuropeístas.

O jornal alemão Frankfurter Allgemein sossega os leitores e diz que a Alemanha está “preparada para todos os cenários” do ‘Brexit’, falando do caos em que os britânicos colocaram este processo, mas dando, apesar de tudo, o benefício de dúvida a Theresa May, considerando que uma saída sem acordo pode ainda ser evitada.

Em Espanha, o El Mundo apresenta no editorial uma perspectiva pessimista, dizendo que o Brexit se tornou um “vírus sem antídoto”, enquanto o editorial do El País fala em “fiasco” e a primeira página destaca a solução de uma adiamento da saída do Reino Unido, para ganhar tempo para um problema com poucas soluções.