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Jordânia adverte Israel para potencial “enorme conflito” caso anexação avance

O Rei da Jordânia advertiu hoje Israel para um potencial “enorme conflito” caso os planos israelitas de anexar grandes partes da Cisjordânia, território palestiniano ocupado pelo Estado hebreu desde 1967, se concretizem.

“Os líderes que defendem uma solução de um Estado não entendem o que isso significa”, afirmou o Rei Abdullah II, numa entrevista à publicação alemã Der Spiegel hoje divulgada.

“O que poderá acontecer se a Autoridade Palestiniana colapsar? Haverá mais caos e extremismo na região. Se Israel realmente anexar a Cisjordânia ocupada em julho, isso irá levar a um enorme conflito com o Reino hashemita da Jordânia”, declarou.

A Jordânia é um aliado próximo do Ocidente e é um dos dois únicos países árabes (o outro país é o Egito) que assinaram um tratado de paz com Israel.

O monarca da Jordânia escusou-se a dizer se a anexação irá ameaçar esse acordo de paz assinado em 1994.

O aviso do Rei da Jordânia é conhecido no mesmo dia em que os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) acordaram em intensificar os esforços diplomáticos para tentar evitar tais movimentações israelitas.

“Não quero fazer ameaças ou criar um ambiente de conflito, mas estamos a considerar todas as opções. Concordamos com muitos países na Europa e na comunidade internacional de que a lei da força não deve ser aplicada no Médio Oriente”, referiu o monarca.

Em abril passado, o primeiro-ministro israelita em funções, Benjamin Netanyahu, manifestou-se confiante em poder anexar partes da Cisjordânia ocupada no decorrer do verão com o apoio dos Estados Unidos, ação que poderá significar o fim de um processo de paz há muito estagnado e que torna praticamente impossível estabelecer um Estado palestiniano viável.

Na mesma ocasião, Netanyahu -- que deu um passo em frente para atingir os seus propósitos ao ter alcançado recentemente um acordo para um governo de união e acabar com a mais longa crise política da história de Israel -- lembrou que o plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, para o Médio Oriente (rejeitado pelo lado palestiniano) prevê a anexação de colonatos israelitas, bem como o estratégico vale do Jordão, que passará para o controlo de Israel.

A grande maioria da comunidade internacional opõe-se a tal anexação, que rompe com o consenso sobre a solução para o conflito israelo-palestiniano.

A tomada de posse do governo de união de Israel de Benjamin Netanyahu (Likud, direita) e Benny Gantz (coligação centrista Azul e Branco) está prevista para domingo.

Após 500 dias de reviravoltas, três eleições e negociações até ao último minuto, as duas forças assinaram um acordo de governo para três anos que nos primeiros 18 meses será dirigido por Netanyahu e depois por Gantz.

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