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Fecho de fronteira com Rússia provoca perdas mensais de 25 milhões à Finlândia

Foto EPA
Foto EPA

O fecho da fronteira entre a Finlândia e a Rússia, a mais longa da União Europeia, a meio de março, devido à pandemia de covid-19, está a provocar prejuízos mensais de 25 milhões de euros às empresas locais.

A Finlândia compartilha uma fronteira terrestre de 1.340 quilómetros com a Rússia, com vários pontos de passagem, sendo que a economia local do lado finlandês é praticamente sustentada pelas visitas de quase 2 milhões de turistas russos.

Apesar do corte abrupto na economia local, a “normalidade” não deverá regressar a tempo de aproveitar o verão, dada a taxa de infeção do novo coronavírus registada da Rússia.

A Rússia tem mais de 405.000 casos de infeções por coronavírus, o terceiro número mais alto do mundo e relatou 4.693 mortes por covid-19, número que os especialistas consideram estar abaixo da verdadeira situação.

A Finlândia, por seu lado, registou 6.859 casos de covid-19 e 320 mortes, mas a maioria ocorreu em Helsínquia e nos arredores da capital.

Na região da Carélia do Sul - ponto de entrada para o pitoresco distrito dos lagos da Finlândia, favorito dos turistas russos - apenas 24 casos positivos foram diagnosticados e nenhuma morte até ao momento.

O fecho da fronteira teve, “definitivamente, um grande efeito”, disse Petteri Terho, porta-voz da Zsar Outlet Village, uma grande área comercial de luxo para finlandeses e russos, perto da estação de fronteira Vaalimaa, o ponto de passagem entre os dois países mais movimentado.

A Finlândia tem sido consistentemente classificada entre os destinos de viagem europeus mais populares pelos russos nos últimos anos, por isso, “esta é uma situação totalmente nova para todos nós”, admitiu Katja Vehvilainen, da Imatra Region Development Company, agência local de promoção de negócios da Finlândia.

Segundo esta responsável, a região da Carélia do Sul teve um aumento de 15% no turismo no ano passado.

“Infelizmente, a situação mudou completamente”, lamentou.

A economia local poderá sofrer para além do verão, já que muitos acreditam que a fronteira provavelmente permanecerá fechada até ao final do ano ou mesmo depois disso.

A última crise turística que atingiu a Carélia do Sul ocorreu em 2014-2015, quando o valor do rublo russo caiu em relação ao euro, baixando instantaneamente as visitas dos russos.

“Isto parece muito mau agora”, disse Markku Heinonen, gestor do maior centro da região, na cidade de Lappeenranta, com 73.000 habitantes.

“Mas as crises anteriores (com o turismo russo) ensinaram as empresas a prepararem-se para situações destas”, assegurou, observando que os habitantes locais permanecem imperturbáveis, dada a longa história da Finlândia de lidar com a irregular evolução do turismo russo, consoante os altos e baixos políticos e económicos do país vizinho.

A região recebeu 1,9 milhões de turistas estrangeiros no ano passado, a maioria vinda da Rússia para um dia de compras ou férias mais longas, desfrutar de ‘spa’, restaurantes e cabanas à beira do lago numa área conhecida pela sua beleza natural.

Citando um estudo recente, Heinonen dmitiu, no entanto, que se a fronteira permanecer fechada até ao final do ano ou mesmo além disso, a região da Carélia do Sul poderá perder pelo menos 225 milhões de euros em receitas de turismo este ano e corre o risco de ter de cortar cerca de 900 empregos, um grande número nessa região.

Para contornar a situação, os moradores e comerciantes voltam agora os olhos para os europeus, como possíveis substitutos dos turistas russos.

A Ryanair, que suspendeu as suas rotas europeias de e para Lappeenranta até novo aviso devido à pandemia, já indicou que está pronta para retomar alguns voos em julho, o que poderá atrair turistas da Europa Ocidental.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 372 mil mortos e infetou mais de 6,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 2,5 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados (mais de 2,8 milhões, contra mais de 2,1 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (mais de 163 mil, contra mais de 178 mil).

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (104.383) e mais casos de infeção confirmados (perto de 1,8 milhões).

Seguem-se o Reino Unido (38.489 mortos, mais de 274 mil casos), Itália (33.415 mortos, mais de 233 mil casos), o Brasil (29.314 mortes e mais de meio milhão de casos) França (28.802 mortos, mais de 188 mil casos) e Espanha (27.127 mortos, mais de 239 mil casos).

A Rússia, que contabiliza 4.855 mortos, é o terceiro país do mundo em número de infetados, depois dos EUA e Brasil, com mais de 414 mil.

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