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Aeronáutica “a crescer” apesar do “fenómeno Greta Thunberg”

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O presidente do AED [Aeronáutica, Espaço e Defesa] Cluster Portugal, José Neves, afirmou que o sector aeronáutico está a crescer apesar do “fenómeno Greta Thunberg”, contra as viagens de avião, e questões de sustentabilidade ambiental.

“O setor aeronáutico continua a crescer 4 a 5% ao ano”, disse José Neves à Lusa, à margem dos AED Days, um evento dos setores aeronáutico, espacial e de defesa que decorre esta semana em Oeiras (Lisboa), acrescentando que no entanto “há novos desafios” para a indústria.

Para José Neves, o principal desafio é “a questão da sustentabilidade”, e a forma como “as aeronaves do futuro vão fazer as emissões de carbono” e ter “impacto na nossa sociedade”

“Já hoje há pessoas que não querem andar de avião, o fenómeno Greta Thunberg começa inclusive a afetar a aviação comercial”, admitiu o presidente da AED, referindo-se à ambientalista sueca que não viaja de avião e esclarecendo, no entanto, quando questionado pela Lusa, que as perspetivas de crescimento têm em conta fatores ambientais.

O responsável considerou que “é exatamente por isso que as empresas se têm estado a preparar, ao nível de desenvolvimento de novos produtos”, e que o setor “está a olhar para esses desafios como oportunidades” para desenvolver novas tecnologias em termos de materiais, motores, sistemas e desenhos conceptuais.

“O próprio Neo da Airbus é uma resposta à sustentabilidade do setor”, afirmou, acrescentando que hoje “um avião é 50% mais eficiente face a um avião que voava em 1990”.

Relativamente ao potencial de crescimento do setor aeroespacial e de defesa em Portugal, José Neves destacou o “valor acrescentado” da Lei de Programação Militar, “que define os investimentos nos próximos dez anos, que de certa forma permite às empresas portuguesas definir uma estratégia de como atacar esse setor”.

“E quando não têm capacidade intrínseca de fazer todo o desenvolvimento, de captar parceiros internacionais para poderem fazer esse ponto”, acrescentou ainda o responsável.

O presidente do AED Cluster Portugal defendeu também que as áreas de manutenção, reparação e revisão [MRO, ‘Maintenance, Repair and Overhaul’] aeronáutica são “um mercado em expansão”.

“Preveem-se 40 mil aeronaves para os próximos 20 anos, mas por outro lado há outras 40 mil que vão precisar de manutenção”, lembrou José Neves, destacando que esse mercado “só tem tendência a crescer”, já que “um avião voa 20, 30, 40, 50 anos”.

José Neves defendeu que “o ponto é apostar na formação de recursos porque vai haver mercado”.

O AED Cluster Portugal envolve mais de 60 entidades dos setores da aeronáutica, espacial e de defesa e, segundo o seu presidente, gerou negócios de 1,7 mil milhões de euros em 2018, sendo a sua percentagem de influência no Produto Interno Bruto (PIB) de 1,4%.