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Madeira

Assembleia da Madeira discute “ausência de apoios” do Governo da República

A Assembleia Legislativa madeirense discute na terça-feira, num debate de urgência requerido pelo PSD com o apoio do CDS-PP, a “ausência das medidas de apoio do Governo da República à Região Autónoma da Madeira face à pandemia da covid-19”. Tal como o DIÁRIO já havia noticiado, o debate contará com a participação do vice-presidente do Governo Regional, Pedro Calado.

O debate acontece no dia em que dois projetos de lei do PSD são analisados na Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia da República: um deles “suspende os artigos 16.º e 40.º da Lei das Finanças Regionais das Regiões Autónomas, por forma a dotar as regiões autónomas de todos os meios financeiros possíveis para fazer face aos efeitos da pandemia da covid-19”, e o outro pede “remissão à Região Autónoma da Madeira do pagamento dos encargos decorrentes do empréstimo” do Plano de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF) pelo mesmo motivo.

Na exposição de motivos, o requerimento para o debate de urgência assinado pelos líderes parlamentares do PSD, Jaime Filipe Ramos, e do CDS-PP, Lopes da Fonseca, lembra que com o estado de emergência aplicado em 18 de março, e renovado em 02 e a 17 de abril, se assistiu a “uma travagem económica a nível europeu, nacional e regional”.

“Numa altura em que a Região Autónoma da Madeira atravessava um dos seus melhores momentos económicos e sociais, crescendo há mais de 75 meses [há mais de seis anos] e com uma contínua redução da taxa de desemprego de 15,8% para 5,6%, que corria desde 2015”, acrescenta o documento.

Os partidos signatários (que governam o arquipélago em coligação) realçam que, perante as consequências da pandemia e dos respetivos estados de emergência, “o Governo Regional desde logo lançou mais de 130 medidas de apoio às famílias e às empresas, num esforço que já ultrapassa os 230 milhões de euros”.

“Este é um momento delicado que exige uma ação concertada e solidária da União Europeia com os Estados-membros e do Estado com as regiões, mormente para as ultraperiféricas como a da Madeira”, observam.

Desde março passado, é referido, “o Governo Regional tem vindo a solicitar ao Governo da República apoio para a suspensão da Lei das Finanças Regionais” -- no que respeita ao limite da dívida -- e a remissão do pagamento, por parte da Madeira, dos encargos decorrentes do empréstimo do PAEF.

No âmbito deste plano, a região contraiu ao Estado, em 2012, um empréstimo de 1,5 mil milhões de euros para fazer face a uma dívida pública de 6,3 mil milhões de euros.

A suspensão da Lei das Finanças Regionais tem a ver com a possibilidade de a região recorrer a empréstimos ficando desobrigada dos limites de endividamento e a remissão do pagamento visa adiar essa obrigação que, nas prestações de julho e de janeiro, representa 96 milhões de euros, 36 milhões dos quais só em juros ao Estado português.

“Neste momento, é imperiosa a demonstração clara e inequívoca, constitucional até, da expressão da solidariedade nacional, elemento fundamental para dotar a região de mais capacidade para corresponder ao tremendo desafio desta crise e das suas consequências”, conclui o documento.

O Governo Regional tem vindo a criticar tanto o Presidente da República como o primeiro-ministro por não atenderem aos pedidos da Madeira, tendo ambos referido que seguem os acontecimentos e que a situação será equacionada em sede de orçamento retificativo.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou quase 345 mil mortos e infetou mais de 5,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 2,1 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.330 pessoas das 30.788 confirmadas como infetadas, e há 17.822 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

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