Turismo

TACV devolve avião e reduz frota internacional

A companhia aérea cabo-verdiana TACV devolveu no sábado o Boeing 703-800, batizado com o nome "Praia", à locadora polaca (Internacional Lease Finance Corporation (ILFC) por "não possuir mercado suficiente para ocupação plena de três aviões.

Citada pela Inforpress, a porta-voz dos Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), Laura Mariano, indicou hoje que o aparelho 737-800 CBY partiu na manhã de sexta-feira da Cidade da Praia rumo à Polónia, pilotada por uma tripulação cabo-verdiana e com uma equipa de manutenção que vai acompanhar os trabalhos a decorrer em Linetech (Polónia) para, depois, proceder à entrega do aparelho à ILFC.

Os TACV explicaram a devolução alegando que, como consequência da mudança da frota, em 2011, a companhia passou a ter três Boeing, dois 737-800 e um 757-200 e que, com base nos estudos da empresa, se concluiu que, atualmente, "a companhia não possuiu mercado suficiente para ocupação plena dos três aviões".

Segundo Laura Mariano, como medida de contenção de custos (motivação financeira), o Conselho de Administração, presidido por João Pereira Silva, negociou com a ILFC a devolução de um dos aparelhos.

"No último trimestre de 2013, a negociação foi concluída satisfatoriamente sem penalização para a TACV e o resultado irá traduzir-se numa poupança de cerca de cinco milhões de dólares (3,85 milhões de euros) em 2014.

A redução da frota, porém, é "temporária", pelo que a TACV conta, em finais deste ano, poder indicar concretamente que rotas poderá abrir, acrescentou.

O aparelho, com capacidade para 174 passageiros, chegou a Cabo Verde a 19 de agosto de 2012 para se juntar ao Boeing "Mindelo", que chegara dois meses antes, e ajudar a transportadora de bandeira cabo-verdiana a dar vazão à demanda no verão desse ano, tendo como objetivo iniciar a recuperação económica e financeira da TACV.

Em junho de 2013, a Direção-Geral do Tesouro concedeu um aval à TACV como garantia de uma operação de crédito junto ao Banco Fiduciário Internacional (BFI), no valor de sete milhões de dólares (5,4 milhões de euros) para pagar os dois "Boeing 737-800" adquiridos à ILFC através de um contrato de "leasing".

Na resolução publicada na altura no Boletim Oficial, após aprovação do Conselho de Ministros, e para assegurar o contrato de "leasing" dos dois aviões, a TACV ficou obrigada a pagar à ILFC 2,17 milhões de dólares (1,7 milhões de euros), distribuídas em prestações mensais de 310 mil dólares (238 mil euros).

A 06 deste mês, a Economist Intelligence Unit (EIU), num relatório, indicou que os TACV são, ao lado da Electra (água e energia) e da ENAPOR (portos), as três maiores empresas públicas cabo-verdianas que tiveram contas negativas em 2012 e que ameaçam a sustentabilidade da dívida pública (estimada para este ano em 98% do Produto Interno Bruto - PIB) e "debilitam" a performance económica do país.

Defendendo a privatização da transportadora aérea, alegando, por um lado, com a crise internacional e, por outro, "a fraca capacidade de gestão e a falta de reformas para aumentar os lucros", a EIU estimou o défice dos TACV em 70 milhões de dólares (53,8 milhões de euros), devido aos grandes custos com ordenados e com combustível.

Os TACV operam também nas rotas inter-ilhas - nos aeroportos internacionais da Cidade da Praia, Sal, São Vicente e Boavista e nos aeródromos do Fogo, Maio e São Nicolau. As ilhas de Santo Antão e Brava não têm infraestruturas aeroportuárias.