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Crónicas

Na expressão de uma criança

Aproveitarmos os momentos que a vida nos dá para fazermos o que realmente nos dá prazer é também por si só uma aventura inolvidável a que não devemos fugir

A vida muda a cada instante e com ela vamos transformando as nossas prioridades e o nosso sentido daquilo que queremos absorver à nossa volta. As minhas férias são por isso hoje em dia em parte dedicadas aos meus sobrinhos que nos enchem os dias de animação e de uma aprendizagem constante. Sim, temos tanto a aprender com elas que se torna quase como um renascimento, uma nova forma de estar e de sentir. Dedicarmos o tempo a perceber as suas funcionalidades e idiossincrasias, a maneira como estruturam o pensamento e associam as ideias de uma forma simples mas por vezes surpreendente. Entender uma criança e criar estímulos que nos aproximem delas é do mais mágico que podemos ter e o tempo mais bem gasto dos nossos dias.

É por isso para mim uma lufada de ar fresco e um privilégio desenvolver uma dialética e um posicionamento comportamental que crie laços e que lhes possa transmitir o quanto gosto deles. Por um lado a responsabilidade de educar como tio, de lhes mostrar caminhos e lhes ensinar palavras e sabores, por outro a possibilidade de poder libertar a criança que há em mim e que não se apaga nunca de tentar que me possam ver como um dos deles e que estejamos em pé de igualdade nas brincadeiras e nas palhaçadas. Por muito que as vezes me apetecesse dormir mais um pouco nada paga ter uma paixão destas que te acorda às 07h30 da manhã e na cama ao lado levanta a cabeça à espera de um movimento meu e assim que o sente pergunta “tio, queres conversar comigo?”.

Aproveitarmos os momentos que a vida nos dá para fazermos o que realmente nos dá prazer é também por si só uma aventura inolvidável a que não devemos fugir. E a liberdade de passar este tempo com os “ meus” meninos não tem preço nem valor calculável. As brincadeiras, os permanentes desafios, as provocações e irritações, os amuos e os abraços. Os mergulhos no mar e as piadas que ficam. O prazer de lhes proporcionar felicidade e a felicidade que isso provoca em mim. Mal eles sabem o gosto que é quando me pedem para ir ao colo até ao mar porque a areia está quente ou quando me dão a mão para atravessar à rua.

Este desenho é um pedido meu à Leonor. “Desenha-me uma praia”. Numa negociação árdua em que ela queria por tudo colocar um macaco e eu lhe pedia um peixe chegámos a um meio termo. Uma tartaruga. A vida às vezes também nos ensina que não podemos ter tudo mas que devemos lutar pelo melhor possível e daí resultou esta ilustração. Essa também é a construção própria de uma criança que já começa a desenvolver em si a vontade de tomar decisões e de escolher os seus caminhos. Somos felizes assim.

Frases soltas:

A justiça belga decidiu na terça-feira a favor de uma ciclista transgénero, que processou a associação internacional de ciclismo por discriminação, após a mesma ter recusado a sua inscrição nas provas femininas. Continuamos a alimentar este circo que teima em querer desvirtuar a mãe natureza.

O ex jornalista Filipe Santos Costa aparece agora na CNN num formato televisivo que roça o ridículo. Uma personagem que passou parte da carreira a servir de vassalo ao Partido Socialista presta-se a um serviço que envergonha a própria vergonha alheia. Um espetáculo deplorável.