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1 de Julho de 2025

Madeira o teu nome continua e nós contigo, se me permites, deixa-me ser tão tua, como tu és minha

Foi o segundo discurso que tive a honra de proferir no âmbito das comemorações do 1 de julho. Este ano é um apelo, um grito, uma denúncia contra o bullying e contra a ferida gratuita.

Menos apartes, menos ofensas gratuitas que em nada contribuem para o amadurecer da democracia regional. Mais dignidade, não só entre nós, mas em tributo aos nossos ascendentes, pessoas de coragem, que em revoltas até a vida perderam às mãos dos que confundiram razão com ignorância.

Estamos em pleno século XXI, já quase todos os que cá estamos nasceram com o 19 no início do ano, o que nos faz, à nova geração, um substantivo coletivo à escolha de velhos, idosos caquéticos.

Quando vejo turmas de ciclo e secundário a assistir aos trabalhos em plenário fico a pensar, se os alunos se comportassem como alguns de nós em plena sala de aula, haveria consequências. Com que ideia sairão dali? Com que impressão sairão da política? Quererão continuar o legado dos seus ascendentes?

Quando ao fim do dia chegamos a casa, bombardeados por comentários e textos anónimos, que a democracia tende a confundir entre difamação e liberdade de expressão e os sorrisos custam a se formar, há alguém que almejo se torne um advogado da causa pública, ou seja, um político no sentido essencial da palavra, que me diz do alto da sua fase metaleira: “Como diria Kurt Kobain: mais vale ser odiado pelo que és, do que amado pelo que não és.”

Da direita à esquerda, é também nosso dever fortalecer a mulher madeirense, exultar o seu poder matriarcal, o seu papel fundamental na família, no trabalho, na sociedade, na política, na liberdade de se se ser como é, de cabeça erguida e sem contemplações, sem silêncios, sem medo. Honremos as nossas avós cujos dedos calejados e a vista massacrada dedilhava ponto corda, garanitos, richelieu, viúvas e solteiras, em panos de linho ou seda, em tardes mornas, a ouvir a rádio da menina e do cambadao, com aquelas 24 rosas numa jarra dedicada à “sobrinha da D. Jaquiininha que nos ouve da Terra da Vinha, nos Canhas”.

Dos nossos avós de foice ao ombro, bota de sola de pneu e rasto de Alto Mar até cinco minutos após a passagem.

Dos nossos pais que iniciaram a passagem para o setor terciário, para orgulho dos pais, nas mãos suaves dos seus filhos, que contrastavam com as suas.

Madeira teu nome continua, do pão de casa, do brindeiro oferecido às crianças exultantes, da terra lavrada, da vaca mugida, dos poios em pedra aparelhada, mas também do turismo, da natureza, do mar e da montanha.

Madeira o teu nome continua e nós contigo, se me permites, deixa-me ser tão tua, como tu és minha.