O que é o Alzheimer?
A doença de Alzheimer é o tipo de demência mais comum no mundo. Trata-se de uma alteração neurológica que causa perda de memória e declínio cognitivo progressivo. Neste ‘Explicador’ exploramos o que é esta doença, falamos de sintomas, tipos e diagnóstico.
A doença de Alzheimer é um tipo de demência que provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas, concretamente memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento, entre outras. Quando uma pessoa perde uma capacidade, raramente consegue voltar a recuperá-la, ou mesmo reaprendê-la.
Qualquer pessoa pode desenvolver esta doença, embora seja mais comum acontecer após os 65 anos, sendo que a taxa de prevalência da demência aumenta com a idade. A nível mundial, a demência afecta uma em cada 80 mulheres, com idades compreendidas entre os 65 e 69 anos, sendo que no caso dos homens a proporção é de um em cada 60. Nas idades acima dos 85 anos, para ambos os sexos, a Demência afeta aproximadamente uma em cada quatro pessoas.
A doença de Alzheimer tem uma progressão lenta e começa, de forma insidiosa, com o doente a ter dificuldade em lembrar-se de fragmentos recentes do seu dia-a-dia. Poderá começar por esquecer-se de onde colocou objectos, do que comeu no dia anterior, em que dia do mês está.
À perda da memória recente juntam-se, lentamente, outros sintomas, como a dificuldade em reconhecer pessoas, um discurso mais pobre e à procura de palavras, desorientação. Com o tempo, surgem ainda alterações de comportamento. É frequente o doente sofrer de alucinações visuais e actividade delirante (a dita mania de perseguição). Comportamentos que podem resultar em agitação e, até, agressividade.
Com o progredir da doença, o doente deixa de conseguir viver de forma autónoma, carecendo de ajuda com tarefas do quotidiano, como cozinhar, vestir-se, lavar-se, gerir as suas finanças. Em fases mais avançadas, os doentes desenvolvem muitas vezes sinais de Parkinson (lentidão e rigidez).
Consoante as pessoas e as áreas cerebrais afectadas, os sintomas variam e a doença progride a um ritmo diferente. As capacidades da pessoa podem variar de dia para dia ou mesmo dentro do próprio dia, podendo piorar em períodos de stress, fadiga e problemas de saúde. A doença acaba por levar a uma situação de dependência completa e, finalmente, à morte. Uma pessoa com doença de Alzheimer pode viver entre três a vinte anos, sendo que a média estabelecida é de sete a dez anos
O que é o Alzheimer
Tal como nos outros tipos de demência, a Alzheimer é uma doença neuro degenerativa, o que significa que há perda progressiva de células cerebrais ao longo do tempo. O tecido cerebral tem cada vez menos células nervosas e vão-se perdendo as conexões entre elas. Por esta razão, não há cura conhecida para esta doença, uma vez que a morte das células cerebrais não pode ser revertida.
Ainda assim, existe medicação que permite alguma estabilização do funcionamento cognitivo, nas fases ligeira e moderada. Podem, também, ser prescritos medicamentos para sintomas secundários, como a ansiedade e depressão. Outras formas de aligeirar a doença passam pela terapia ocupacional e o envolvimento em grupos e serviços de apoio, que podem ser consultados no site da Associação Alzheimer Portugal.
De momento, ainda não existem testes específicos para identificar esta doença. O diagnóstico é realizados após observação clínica, através da análise da história médica, exame físico e neurológico, exame do funcionamento intelectual, avaliação psiquiátrica, avaliação neuropsicológica e análises laboratoriais.
O exame neurológico é normal nas fases iniciais da doença de Alzheimer, tal como os exames de imagem que, se não forem também regulares, mostram apenas atrofia dos hipocampos, formações anatómicas existentes na parte interna dos hemisférios cerebrais que têm um papel fundamental na consolidação e evocação de novas memórias. Em estados mais avançados, os testes mostram atrofia de todo o cérebro.
Existem factores de risco que não podem ser prevenidos como o envelhecimento, uma história familiar de Alzheimer e a genética. Contudo, há factores que podem ajudar a prevenir a doença, nomeadamente a actividade física regular, a prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares (sobretudo o controle da pressão arterial), e a prevenção e tratamento da diabetes, da obesidade e tabagismo. Em geral, uma dieta variada e saudável e permanecer mental e socialmente activo pode reduzir o risco de doença de Alzheimer.
Tipos de Alzheimer
A Doença de Alzheimer esporádica pode afectar adultos de qualquer idade, mas ocorre habitualmente após os 65 anos. É a forma mais comum da doença, e afecta pessoas que podem ter ou não, antecedentes familiares da doença. Parece não existir hereditariedade da Doença de Alzheimer esporádica, de início tardio. Contudo, é possível que algumas pessoas possam herdar uma maior ou menor probabilidade para desenvolverem a doença numa idade avançada.
A Doença de Alzheimer Familiar é uma forma menos comum, na qual a doença é transmitida de uma geração para outra. Se um dos progenitores tem um gene mutado, cada filho terá 50% de probabilidade de herdá-lo. A presença do gene significa a possibilidade de a pessoa desenvolver a Doença de Alzheimer, normalmente entre os 40 e 60 anos. Este tipo de Doença de Alzheimer afecta um número muito reduzido de pessoas.
Comunicar o diagnóstico
A pessoa que é submetida a uma avaliação para diagnosticar a demência deve, sempre que possível, decidir se quer receber a confirmação do diagnóstico. Antes de avançar com o processo de diagnóstico, é importante falar com o médico sobre a transmissão daquele à pessoa.
Caso a pessoa não esteja capaz de compreender as implicações da recepção de um diagnóstico de demência, o familiar poderá tomar a decisão de comunicá-lo ou não, com base no seu conhecimento do que poderia ser o desejo da pessoa. Esta decisão é importante e difícil de tomar em nome de outra pessoa.
O doente tem o direito de tomar conhecimento de qualquer informação médica sobre si, mas é a família quem melhor o conhece e melhor saberá como reagir perante o diagnóstico. É necessário ter em conta a vontade expressa anteriormente sobre se gostaria ou não de ter conhecimento de um diagnóstico como o de demência.
Lembrar que muitas pessoas têm a consciência de que algo não está bem, e o diagnóstico pode ser sentido como um alívio que permite perceber a causa dos seus problemas. Tomar conhecimento do diagnóstico pode ajudar a pessoa a compreender a sua situação e a fazer planos importantes para o futuro, particularmente ao nível das questões legais, financeiras e de cuidados de saúde. O conhecimento permite uma discussão honesta e aberta sobre a vivência da Demência, entre a família e amigos.
A comunicação do diagnóstico pode ser feita por uma de várias pessoas – médico/especialista, equipa de avaliação ou um familiar. Estes podem falar com a pessoa acerca do seu diagnóstico, individualmente ou em grupo.
A transmissão do diagnóstico será mais fácil se for planeada previamente, partilhando a informação de forma clara e ponderada, sem pressa e com tempo aberto para questões do doente. Ter informação escrita pode ser uma ajuda e fornecer referências úteis.
A informação que deve ser transmitida inclui o motivo pelo qual os sintomas estão a ocorrer, o tipo particular de demência, quais os possíveis tratamentos para sintomas anexos, e que serviços e programas de apoios estão disponíveis.