Mãe

Por mais letras que colocasse aqui, nunca conseguiria chegar ao tamanho da palavra Mãe.

Lembro-me de algumas histórias:

andar agarrado às tuas pernas enquanto cozinhavas para nós; pedir-te a panela do milho acabadinho de fazer para rapar os cascos (e que deitavas água dentro para amolecê-los); de fugir com a panela da massa dos bolos para lamber a massa crua, e de não deixares porque dava dores de barriga (e tinhas razão, algumas vezes dava mesmo); lembro também das chineladas e das pimentas do jardim, esfregadas na nossa boca por dizermos “merda” (que tu também dizias!), e depois esfregar açúcar para abrandar o ardume; “roubar” leite em pó às escondidas, de me engasgar por comê-lo à pressa e ainda levar uma chinelada; lembro de irmos à “venda”...; e do pouco que tínhamos, encontrares sempre uma forma de partilhar por todos; de poupares tudo o que recebias, para que nunca nos faltasse nada; lembro das couves e dos pintos... e de tantas outras peripécias.

Adorava aquele guisado com azeitonas que fazias, e para sempre me lembrarei de ti quando fizer um caldo de galinha, que ainda nas últimas semanas consegui cozinhar (igualzinho) para ti...

Neste momento da tua partida, apesar de saber que algumas vezes também te apeteceu desistir, e que nem sempre fomos os melhores filhos, não posso deixar de te agradecer tudo que fizeste por nós, assim como o exemplo que foste para mim e para os manos: de superação, de luta, de perdão e de amor.

Um beijinho, e “até logo”...

Duarte de Sousa Melim