Ou reformamos, ou reformam-nos
Goste-se ou não, o povo português decidiu. E decidiu que queria uma AD reforçada, mas também um Chega mais forte
Hoje toma posse o XXV Governo Constitucional da República Portuguesa em virtude dos resultados eleitorais do passado dia 18 de maio. Eleições que deram sinais claros sobre aquilo que é a expectativa dos portugueses para o seu futuro próximo. Se, por um lado, os portugueses pretendem um corte radical com as políticas do PS nos últimos 10 anos, por outro, referem que esse corte radical não pode assentar apenas e só no Partido que rivalizou com o PS - a alternativa política nos últimos 50 anos - o PSD.
Goste-se ou não, o povo português decidiu. E decidiu que queria uma AD reforçada, mas também um Chega mais forte, com responsabilidades no quotidiano da nação. Relegou a esquerda para uma posição “dispensável” em matéria de revisão constitucional e assumiu, frontalmente, a vontade de ter um País mais regulado e fiscalizado. Parece ter acabado o “complexo de esquerda” que existia por esse país fora desde 1974.
Quanto às respostas, o Povo pede mais habitação, rendimentos e uma política alternativa que lhes devolva, em certa medida, esperança e previsibilidade no futuro que pretendem ter em Portugal. O “grito eleitoral” do passado dia 18 é expressão de um Povo que está cansado de promessas e, acima de tudo, farto de ausência de soluções efetivas e palpáveis. Pessoas que falam muito de habitação, saúde e emigração, mas agem muito pouco.
O povo está convencido que a elevada procura turística é um problema, que o investimento privado no imobiliário nos faz ser mais pobres e entende, mais consciente ou inconscientemente, que os partidos tradicionais são “brandos” nas soluções apresentadas. Clama por estadistas, suspira por líderes dos tempos passados, numa espécie de nostalgia do “éramos felizes e não sabíamos” quando Guterres e Sócrates distribuíam benefícios sociais que Passos teve de cortar para salvar o país.
Portugal precisa de coragem e ambição. Para reformar a justiça, promover melhores salários, esgotar todas as políticas públicas possíveis em matéria de habitação em que municípios - sobretudo estes - regiões autónomas e o país podem ir mais longe e fazer mais do que têm feito. Reformar Portugal não é um capricho, é um imperativo governativo em nome de 900 anos de história.
À classe política exige-se que seja o motor da esperança, porém arriscamo-nos a dizer que neste momento representa um dos maiores motivos de revolta. Impõe-se inverter isso para bem de todos, mas sobretudo para bem da Liberdade. Transformar revolta em ambição. É preciso coragem para transformar.
É preciso olhar pelos jovens que anseiam pela alteração dos tempos atuais. Para contribuir para a mudança e o seu envolvimento, revela-se essencial olhar para a forma como os preparamos para o futuro. Quer na emancipação jovem ou na saúde mental mostra-se essencial Portugal colocar-se num patamar diferente daquele em que viveu nos últimos 30 anos. Porque caso contrário os jovens emigram. E sem jovens não há nem presente, nem futuro.
Portugal não pode parar e, politicamente, o combate nunca foi tão importante como agora. Vivemos tempos decisivos sobre o futuro que ambicionamos. Ou o PSD tem coragem para mudar e liderar o País com o arrojo que os tempos exigem, executando as reformas inadiáveis, ou os portugueses passarão ao PSD os papéis para a reforma.