Ser educado deve ser a regra!
A exigência de elevação no debate político não é apenas desejável — é essencial. Vem isto a propósito do recente episódio protagonizado pelo Secretário Regional do Turismo e Cultura do Governo Regional da Madeira, que, numa reunião de uma comissão parlamentar, se referiu a uma deputada como “gaja”.
Sobre esta situação, a Presidente do Parlamento disse que nada tem a dizer.
Pior do que o deslize foi a tentativa de o justificar, o Secretário Eduardo Jesus, tentou normalizar o comentário, alegando que faz parte dos apartes comuns nos parlamentos. Ora, esta banalização é que deve preocupar-nos. Os apartes parlamentares, infelizmente, têm-se tornado terreno fértil para desvios de linguagem que, em vez de enriquecerem o debate, o degradam. Muitos desses comentários resvalam para o machismo, o racismo ou outros insultos disfarçados de ironia ou espontaneidade.
O Parlamento é a casa da democracia. E numa democracia madura, ser educado não é um luxo.
A linguagem que se usa revela a cultura política e cívica de quem a profere. E é inaceitável que num espaço que devia ser exemplar — a casa da democracia — se aceite como “normal” o uso de expressões ofensivas ou depreciativas.
A política é, acima de tudo, um exercício de respeito — pelos adversários, pelas instituições e pelos cidadãos. E a educação não é um adereço: deve ser a regra.
E é por isso que ser educado devia ser a regra. Sobretudo para quem representa o Estado, para quem tem microfones à frente, para quem é pago para servir — não para ofender.
Carlos Oliveira