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Fact Check Madeira

Será mesmo que a “maioria das pessoas não quer saber” dos problemas da cultura como os do Centro Cívico do Estreito?

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Foto Joana Sousa/Aspress/Arquivo

Nesta sexta-feira, a Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento, agora presidida por Élia Ribeiro, fez saber que havia lançado o concurso público, mais um, para a reabilitação do Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos. A iniciativa mereceu espaço na comunicação social regional, mas não entusiasmo ou detracção por parte dos madeirenses e, em particular, os da freguesia onde se localiza o equipamento.

A esse propósito, um leitor do DIÁRIO afirmou: “É na área da cultura, a maioria das pessoas não quer saber.” Mas, será que a maioria das pessoas não está, de facto, preocupada com os problemas do Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos?

 A verificação da veracidade da afirmação não é linear. Desde logo, seria necessário definir com rigor de que pessoas falamos, para então poder aferir a posição da maioria. Por outro lado, não se pronunciar agora, não significa não se ter manifestado noutro momento, entre outras questões.

Por estas razões, fomos obrigados a simplificar a análise e a sustentar a verificação no que se poderá designar de base indiciária. Assim, fomos verificar que comentários as notícias de 2024 e de 2025, relacionadas com a reabilitação do equipamento, suscitaram nas plataformas dos órgãos de comunicação social da Madeira e nas respectivas redes sociais.

Mas, antes, vejamos um pouco da história.

O Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos foi inaugurado no dia 13 de Outubro de 2004, em vésperas das eleições, que se realizaram no dia 17 do mesmo mês.

Foi construído com base num projecto do Atelier Risco A4 com Freddy Ferreira César e Carla Batista e carpintaria da Serração António & Silva, Lda.

Um dos factores marcantes foi, para as fachadas, a escolha de madeira modificada Lunawood. A empresa Banema – Madeiras e Derivados S.A. explica o que é: “Fabricada na Finlândia a partir de florestas nórdicas certificadas e renováveis, a madeira modificada Lunawood é obtida através de um tratamento térmico patenteado que utiliza apenas métodos naturais, com recurso à acção do calor e humidade.”

Trata-se de um produto que pode ter uma longa durabilidade ou curta. Tudo depende da instalação e da manutenção. Quando usada correctamente, dura 15 a 30 anos sem substituição estrutural.

Em fachadas bem ventiladas, dura entre 20 e 30 anos, mas implica limpeza anual com óleo ou saturador a cada 2 ou 3 anos.

Em revestimentos exteriores, dura 15 a 25 anos, com a manutenção referida.

Ora, como é público e notório, manutenção é coisa que tem falhado no equipamento em causa. Por isso, não espanta a degradação documentada e a necessidade de substituição de materiais, até porque a obra foi inaugurada há mais de 20 anos.

Vejamos agora, o que disseram os madeirenses, nos locais referidos, sobre a necessidade de obras no Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos. A nossa pesquisa incidiu, igualmente, nas páginas oficiais do próprio Centro Cívico e da Câmara de Câmara de Lobos, além de em alguns grupos nas redes sociais. Tudo o que detectámos, pouquíssimo, pode ser resumido a um “só agora, mas mais vale tarde do que nunca (…)”, que encontrámos na página de Facebook do próprio Centro Cívico.

Pelo explicado e nas condições de pesquisa descritas, avaliamos como verdadeira a afirmação de que, na área da cultura e no caso específico do Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos, a maioria das pessoas não se interessa pelo que acontece ou, acrescentamos, não se manifesta.

“É na área da cultura (o problema), a maioria das pessoas não quer saber” – L. Freitas, leitor do DIÁRIO, a propósito da situação do Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos