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Ciberbullying e desinformação

Também os discursos de ódio põem em causa a segurança das populações

Risadas espontâneas em diferentes grupinhos de jovens estudantes. Os olhares procuram a menina da escola que aparece ridicularizada num ‘deepfake’ (vídeo manipulado) que fora partilhado, irrefletidamente, vezes sem conta. O conteúdo tornara-se viral e as gargalhadas acompanham a sua difusão, com comentários, como: “que cena!”, “conheces?”, “é ela”…

A situação descrita é fictícia, mas serve de mote para abordar uma temática bastante atual, o bullying e o ciberbullying em contexto escolar. Desta forma, acedo ao pedido de uma leitora, que simpaticamente me abordou para deixar a sua sugestão. Obrigada!

Comecemos pela definição dos dois conceitos. Já um relatório da UNESCO de 2017 sobre a situação mundial desta problemática explicava que o bullying era considerado um tipo de violência, “um comportamento indesejado e agressivo entre crianças em idade escolar que envolve um real ou percebido desequilíbrio de poder”.

Por sua vez, mais tarde, o Plano Português de Prevenção veio especificar que o ciberbullying “consiste em humilhar, excluir ou agredir alguém, de forma repetitiva e sistemática, através de ações virtuais, com recurso à Internet”.

Segundo o Plano, as duas formas de agressão podem causar consequências às vítimas, tanto a nível físico, verbal, social/relacional, psicológico e/ou sexual, pois quem padece deste tipo de atos pode sentir maior tristeza, diminuição de autoestima, desmotivação e baixa de rendimento escolar, perturbações alimentares e de sono, e maior propensão para comportamentos depressivos.

Para combater este flagelo, é essencial apostar ainda mais na educação digital; incentivar a denúncia de ações poucos éticas e morais; criar coimas para os infratores; e disponibilizar apoio psicológico para as vítimas.

No entanto, importa destacar que, sobretudo o ciberbullying, não se dá apenas em contexto escolar. Pode ocorrer no ambiente de trabalho, entre funcionários (involucrando até chefias); em comunidades digitais; nos jogos online; ou em relacionamentos interpessoais, entre outros.

As redes sociais vieram aumentar o número de casos, sobretudo porque permitem o anonimato. Quando a cobardia reina, os disseminadores de desinformação e os que recorrem ao discurso de ódio para atacar ou discriminar determinadas pessoas ou grupos sociais, geralmente, escondem-se covardemente atrás de um ecrã.

Ao se espalhar desinformação, expõe-se as pessoas a riscos e vulnerabilidades, sobretudo as mais desprotegidas, que podem mesmo ficar em perigo e risco de vida devido à circulação de conteúdos enganosos.

Também os discursos de ódio põem em causa a segurança das populações. Podem motivar – através de assédio, difamação ou intimidação – danos psicológicos e sociais. Têm como alvo, muitas vezes, pessoas de determinadas etnias ou raças, religiões, nacionalidades, géneros, orientações sexuais, portadoras de deficiência ou de opiniões políticas ou sociais.

Uma vez que o bullying e o ciberbullying são formas de violência que, apesar de silenciosas, podem ser extremamente perigosas, é essencial que estejamos atentos aos sinais e que, seja em ambiente escolar, laboral ou social, consigamos promover a prevenção e a educação digital, tendo em vista o combate à desinformação.