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Saúde Mental nas Escolas

Vivemos numa era marcada pela tecnologia, pelas redes sociais e pelo mundo digital. Esta realidade, que traz consigo inúmeras oportunidades, também levanta sérias preocupações no que diz respeito à saúde mental dos jovens em idade escolar. A escola, enquanto espaço formativo e socializador, é o reflexo desta nova sociedade e, por isso, torna-se fundamental olhar com seriedade e urgência para os impactos que os problemas de saúde mental têm no desempenho, bem-estar e futuro dos alunos.

As redes sociais e os jogos online, embora possam ter um papel positivo no desenvolvimento cognitivo, estão também na origem de fenómenos profundamente perturbadores. O “ciberbullying”, as ofensas em grupos online, as exposições públicas de humilhações e o uso abusivo das plataformas digitais estão a deixar marcas negativas na autoestima, na confiança e na estabilidade emocional de muitos jovens. A privação do sono, resultado do uso excessivo de dispositivos eletrónicos durante a noite, compromete ainda mais o equilíbrio mental e físico dos estudantes, afetando a sua capacidade de concentração, aprendizagem e interação social.

Esta questão da saúde mental nas escolas não pode e não deve centrar-se apenas nos alunos. Professores, educadores, assistentes operacionais, técnicos especializados e demais funcionários escolares também estão sujeitos a elevados níveis de stress e pressão, muitas vezes sem o apoio psicológico necessário. É por isso imperativo investir num programa de saúde mental escolar estruturado, abrangente e integrado, que envolva toda a escola, sem exceções. Este programa deve contemplar ações de prevenção, formação, apoio psicológico e intervenção precoce, estendendo-se também aos pais e encarregados de educação, pois a cooperação entre escola e a família é essencial para um trabalho eficaz.

Para que este trabalho seja possível, as escolas necessitam de meios, recursos humanos especializados e financiamento adequado. É fundamental estabelecer parcerias com centros de saúde, hospitais e outras instituições para garantir que todos os intervenientes sejam acompanhados, capacitados e apoiados da forma mais completa possível.

Torna-se justo reconhecer que as escolas já fazem muito nesta área e se tivessem mais meios e autonomia fariam muito mais. Os professores assumem as suas responsabilidades com todo o seu profissionalismo e competência – trabalham as aprendizagens, ensinam, cuidam, escutam, orientam e sinalizam situações preocupantes. São os primeiros a identificar mudanças de comportamento, sinais de sofrimento psicológico e pedidos silenciosos de ajuda. A escola é, para muitos alunos, o seu único porto seguro, o lugar onde se sentem vistos e ouvidos. No entanto, é preciso sempre muito mais. É necessário reforçar as escolas com profissionais especializados, como psicólogos, assistentes sociais, terapeutas e mediadores, integrando as equipas educativas de forma permanente, em cooperação, trabalhando em rede com as famílias e outros parceiros, definindo objetivos claros.

Não basta abordar o tema da saúde mental com campanhas pontuais ou semanas temáticas. É preciso intervir com profundidade, continuidade e abrangência, prevenir o sofrimento psicológico é tão importante quanto tratá-lo. Não se trata apenas de cuidar de quem já está a sofrer, mas de construir uma cultura de bem-estar onde todos possam crescer de forma saudável, equilibrada e feliz. Só assim poderemos garantir que nenhuma criança, jovem ou adulto é deixado para trás neste compromisso coletivo com a saúde mental.