Do lado errado da História
Não é a partir de Gaula ou da Praça Amarela que se mostram qualidades para ser alternativa de governo
Há gente assim. São sempre oposição a tudo e a todos. Nunca estão do lado da maioria. Têm de contestar porque, em contrário, preferem não viver.
A nossa oposição é assim. Fogem de ser solução e preferem ser o problema. Acham que estando do lado do governo não podem intervir com sentido crítico, procurando corrigir decisões ou impor alternativas. Habituaram-se à reclamação e protesto e acham ser essa a sua missão política. A sua crítica parece-lhes sempre virtuosa.
Nada têm a fazer. Basta-lhes dizer mal.
Este estado de alma tem como ponto de partida o facto de em Portugal o partido comunista sempre ter sido afastado da esfera do poder. Com isso criou-se a ideia que o “pc” não poderia ficar com o exclusivo da oposição diária. Faria dele o recetor da insatisfação pública. Ganharia as eleições seguintes, reunindo todo o descontentamento popular. Esta crença é errada. Para tolos.
A experiência política alheia é sempre boa conselheira. Para seguir ou evitar. Na Europa das democracias amadurecidas a vontade dos que perdem eleições é entrar para o governo. Ser parte activa na solução que lhe dê credibilidade para vir a ser alternativa. Será mostrando sabedoria, competência, rigor e eficácia na governação que se ganha qualificação para vencer eleições. Ou, pelo menos, para crescer. Não é a partir de Gaula ou da Praça Amarela que se mostram qualidades que façam pensar estar ali uma alternativa de governo capaz. Exigir, protestar e criticar, por melhor que o façam, não mostra qualidade para governo. Longe disso. Como não mostrou até aqui. Daqui a quatro anos valem o mesmo. Por enquanto são inúteis.
A única demonstração de competência e capacidade executiva é fazendo no governo essa prova de credibilidade alternativa. O que em maiorias absolutas não deixa espaço para essa demonstração. É na ausência de maioria, quando o principal partido precisa de parceria válida para formar governo, que está criada a oportunidade para “brilhar”. Sempre desaproveitada nestas últimas sequências eleitorais mal sucedidas.
Responsabilidade de um CDS que preferiu a visibilidade do tacho protocolar ao sucesso das suas duas experiências de governo. Creio não ser ainda desta que o CDS irá aproveitar. Ao manter o objectivo de dar vida política ao dinossauro da política regional, gerindo uma pasta sem qualquer significado - o turismo é a economia da Madeira e as empresas das restantes áreas económicas dispensam o governo - em detrimento de escolherem um jovem quadro que “estrelasse” no governo do PSD de Albuquerque. Por força disso o CDS é a imagem da política caduca num governo social democrata de enorme valia política e nova geração. Falhou, exclusivamente para benefício pessoal daquela que parece ser a sua única razão de existir.
Quatro anos de sucesso do governo de Albuquerque valerão pelos cinquenta que estão para trás. A História ajuda mas é o futuro que muda, anima e alimenta a nossa ambição.
O último resultado eleitoral mostra que é a oposição que se deve cuidar, procurando mostrar trunfos que não tem e precisa procurar. Ser partido político é mais do que arranjar emprego à sua nomenclatura. É ter um sentido construtivo sobre a sociedade procurando a justiça social e a riqueza colectiva distribuída de modo equitativo. O grande próximo objectivo é aumentar a generalidade dos salários numa economia que tem emprego e gera negócios. Não trabalhar nunca pode ser mais compensador que ter actividade. Mas isto é tema para outro artigo nesta página.
O abuso da CGD
A Caixa Geral de Depósitos teve, em 2024, um lucro de mil e seiscentos milhões de euros. Um absurdo em empresa do Estado, que complementa os muitos impostos e taxas pagas. Isto deve-se ao facto da CGD praticar na sua gestão os mesmos critérios de gestão, comissões e preço de serviços que a banca privada, comercial e concorrente. Ou seja, a CGD ao contrário de reduzir o seu preçário de serviços, obrigando os restantes bancos a também baixarem comissões e preços praticados, tem uma atitude de abençoar e garantir os lucros pornográficos aos bancos, quase todos eles estrangeiros, que operam em Portugal. Afinal a CGD não é instrumento regulador de uma actividade financeira extremamente lucrativa, mas o seu maior “incendiário”.
O ferry
O JPP tem o dever de expor a mencionada diplomacia, com governos de outras regiões insulares, no sentido de viabilizar o ferry entre o Continente e a Madeira. Deve explicar o projecto, os interlocutores políticos e empresariais, qual o envolvimento financeiro público e se disponibilizar para interceder com os seus contactos na concretização do serviço. A não ser assim, este seu programa eleitoral não passará de uma fraude política, tipo “engana-tolos”, que ameaça desacreditar toda a sua prática política.
Sabendo-se da motivação geral da população por um ferry regular será imperdoável guardar em Gaula o segredo da solução.
Trump e as tarifas
Com a justificação idiota da reciprocidade, não será que Trump está a propor comércio internacional livre sem tarifas ? Cada país que decida os seus impostos comerciais internos não diferenciando importações. Não parece errado.
Duas preocupações. Eventual recessão na Europa e menor volume de turismo a partir dos principais mercados emissores. Inflação nos Estados Unidos com crise económica imediata que prejudique a procura pelos novos voos directos para a Madeira.
É ridículo verificar que foram fixadas tarifas a regiões ultra periféricas da Europa, com menos autonomia que a Madeira.
Nacional
Liderar é caminhar sem olhar para trás. Ter coragem nas grandes decisões que fazem a diferença no futuro. O Nacional está destinado a ser a referência do futebol madeirense e a dominar o panorama regional. Chegou aqui pela direção de Rui Alves. Será agora reforçado com a chegada de parceiros internacionais. Só temos de estar orgulhosos por esta participação externa, coisa rara nas empresas e instituições da Madeira.
Chega
André Ventura é “boss” indiscutível na organização do CHEGA. Eu demiti; eu mandei; eu expulsei; eu excluí …. Muitos “eu” para rapsódia totalitária.
Porto Santo
Nuno Batista, presidente da câmara da Ilha Dourada, deu excelente entrevista à RTP/M. Lúcido, com ideias claras e certas afirma-se como a nova e moderna visão do Porto Santo como terra de oportunidades. Uma nova geração de políticos.