A Empatia é que nos salva
Papa Francisco é um precursor da postura empática de Cristo para com os pobres
A expressão mais utilizada para cumprimentar alguém numa fase especial da vida é “Felicidades”. Na verdade, na nossa caminhada existencial, aquilo que mais desejamos é ser felizes. Por ocasião das JMJ 2015, o Santo Padre dirige-se aos jovens: “Ora a busca da felicidade, queridos jovens, é comum a todas as pessoas de todos os tempos e de todas as idades. Deus colocou no coração de cada homem e de cada mulher um desejo irreprimível de felicidade, de plenitude.”
Parafraseando o Papa Francisco, o caminho da felicidade inicia-se em contracorrente: é preciso sair do egoísmo e pensar nos outros. E isto não é mais do que EMPATIA.
Educar para a empatia não será o caminho mais adequado para criar pessoas competitivas (a competição coloca-nos sempre em confronto), mas contribui para gerar adultos compreensivos e solidários. E uma sociedade composta por pessoas solidárias e empáticas é uma sociedade mais feliz.
Papa Francisco é um precursor da postura empática de Cristo para com os pobres, os desprotegidos, os deslocados e, talvez por isso, não tinha sido aceite por aqueles que, se dizendo católicos (não diria cristãos), demonstraram desagrado pela mensagem conciliadora e tolerante.
A ação pedagógica de Cristo no modo de educar os discípulos e o povo que o seguia tem repercussões nos dias de hoje, de forma direta ou indireta. É um legado civilizacional contrariado pela natureza humana ou pela ganância de poder ou protagonismo. Não estou a fazer a apologia à integração da doutrina cristã na Escola, entenda-se.
No meu entender, essa ação pedagógica de Cristo, apesar do nosso país assentar numa cultura religiosa, não se reflete inteiramente na nossa Escola Pública, começando desde logo pelos quadros de mérito académico, que tem subjacente o estímulo à competição.
Os princípios da Escola preconizada logo após o 25 de Abril ficaram registados em papel, mas nem todos foram colocados na prática, salvo alguns projetos pedagógicos. Na Madeira, tivemos o exemplo do projeto pedagógico da Escola da Ribeira Brava, liderado pelo professor Francisco Simões e pela Escola da Ponte, na Vila das Aves, entre outros.
Na Dinamarca, curiosamente, um país pouco católico, mas muito cristão, educa-se a empatia desde tenra idade. E o povo dinamarquês é considerado, quase consecutivamente, há 40 anos, o mais feliz do mundo. Lá, ensina-se empatia como matéria obrigatória, onde, num ambiente seguro e acolhedor, as crianças falam sobre as suas emoções e desenvolvem habilidades como a escuta ativa e a inteligência emocional.
Depois temos o extremo oposto, numa sociedade marcadamente competitiva, onde o cidadão é um mero peão na engrenagem de um sistema capitalista, comandado por homens sem qualquer empatia, apesar de religiosos: Donald Trump e Elon Musk. Este último escreveu na rede social X que “a causa fundamental da decadência da civilização ocidental é a empatia”.
Que o exemplo vivo de empatia humana do Papa Francisco nos inspire.