PS - o derrotado
O resultado das eleições regionais do dia 23 de Março acalmou várias camadas de derrotados que se viram enterrados nas águas fétidas da cronicidade da sua incompetência, e, por incrível que pareça, há uma dessas camadas que dura e perdura no tempo – a camada socialista.
Um regime democrático quer-se com uma oposição consciente, com um projeto de governação, com ideias, com propostas, com nível, civilização e credibilidade. Tudo o que falta no PS.
O aprofundamento da descredibilização de um dos partidos fundadores da democracia, e considerado para a alternância governativa, começou quando figuras de segunda categoria – em bom madeirense, cubanos –, sem nível, classe, decoro, nem tão pouco elegância, tomaram de assalto a Torre de Marfim e projetam nos outros a pior versão de si próprios.
Na posição de derrotados crónicos – posição cujo prognóstico piora a cada ato eleitoral – procuram encontrar um mar de desculpas pelos seus próprios desastres naturais, e cujas responsabilidades só poderão ser encontradas na Rua da Alfândega.
O plano de Cafôfo, atrelado pelos seus fervorosos discípulos – tristes coitados –, era intoxicar a discussão pública com um caso judicial que anda estagnado há um ano, depois de se ter aliado a um direita radical asquerosa, sem ter tido a capacidade (ou melhor, a competência) de travar um combate de oposição através de meios próprios, sem necessidade de fazer parelha com o mais reles que existe.
A saída do PS – depois ter tido o melhor resultado da história democrática dos partidos de oposição –, a ida para Lisboa – saltar para o colo de António Costa –, o regresso à Madeira, mas que continuou a ser feito por Lisboa, afundou a imagem de Cafôfo a níveis nuclearmente profundos que o submarino em que viajava acabou por implodir. Contra todas as expectativas, Cafôfo salva-se, boia em mares quentes onde as mais variadas espécies o olham com uma vontade fulminante de o atacar – sensação já percebida pela vítima que, em detrimento de arredar de pé de onde está, se mantém solenemente nos mares em que nunca deveria ter regressado. A verdade é que este Partido Socialista, por mais sermões que pregue aos peixes, não teve ainda, para bem da Madeira, um Santo António capaz de o pregar. Antes pelo contrário, construíram narrativas próprias dos seus aliados radicais, não da esquerda, mas da direita. Cavalgam uma política de terra queimada, protagonistas de uma amputada mediocridade, cúmplices do mais vil opróbrio, e que têm em “cubanos” as mentes iluminadas desejosos de pertencer a uma elite plumitiva, mas que, pela sua forma soez de estar na vida pública, só lhes restará uma seita acolitada de carrascos intelectualmente incapazes de distinguir um “preso” de um “detido”.
Foi assim que os socialistas se auto-dilaceraram, procurando vicejar na confusão com a sua inspiração robespierriana – exemplo da ausência de dignidade e moralidade –, representantes de um fanatismo maniqueísta, salivantes pela denúncia na justiça daqueles que não conseguem vencer nas urnas.
A deserção das responsabilidades democráticas que lhes são apontadas culminou na descida do lugar no pódio, num niilismo do seu eleitorado, tomando o fracasso como virtude, e em que, ainda assim, tudo permaneceu imóvel.
Nada mudou. Pelo menos, por agora. Queira a Madeira que assim se mantenha.