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Análise

Democracia ou monopólio do poder?

1. Três actos eleitorais depois, o povo fez a sua escolha: estabilidade em detrimento da mudança, que não se avizinhava estável nem pacífica. Numa região onde a governação tem sido marcada por miniciclos de instabilidade e jogos de bastidores, os madeirenses optaram por consolidar o poder no partido que vence todas as eleições desde a fundação da Autonomia. Será este fenómeno um caso de estudo sociológico ou um reflexo da falta de oposição credível e confiável? A resposta é clara: na hora decisiva, a população rejeitou experimentalismos e reafirmou a sua preferência pelo ‘status quo’.

A mensagem foi também inequívoca para a esquerda: nem PCP, nem Bloco conseguiram qualquer representação parlamentar, espelhando a via para a irrelevância destes partidos no contexto social madeirense. Mas o maior abalo foi para o Chega, que viu desmoronar-se o seu discurso de crescimento imparável. Perdeu um deputado e cerca de 5 mil votos – um tombo muito significativo para um partido que ambicionava ser peça-chave na equação governativa. A realidade impõe-se: o Chega foi descartado da aritmética parlamentar para a obtenção de uma maioria e, salvo um terramoto político, assim permanecerá até 2029.

O PSD volta a comandar os destinos da região, desta vez com o CDS a reocupar o seu papel de parceiro menor. Um filme repetido. Quase meio século depois, a alternância continua a ser uma miragem. O culpado? Mais do que um eleitorado conservador, o verdadeiro responsável é o PS, que nunca soube construir uma alternativa estruturada e mobilizadora. Enquanto no continente se ensaiam mudanças e novas dinâmicas, na Madeira o PS continua prisioneiro das suas próprias divisões e de uma falta crónica de liderança consistente.

O resultado está à vista: um partido que não só falha em convencer o eleitorado como também corre o risco de perder, por muitos anos, o próprio estatuto de maior força da oposição. Se não der um salto qualitativo e continuar enredado em narrativas vazias e quezílias internas, a irrelevância será apenas uma questão de tempo. O que ficou desta última campanha socialista? Pouco ou nada, e o cartoon desta página ilustra-o melhor do que qualquer análise mais profunda.

Os madeirenses pediram estabilidade, mas não passaram um cheque em branco. Esperam agora que PSD e CDS governem com firmeza, com base num programa ambicioso, que não se revele um conjunto de promessas ocas. O verdadeiro teste virá com a execução das medidas anunciadas. Será que, mais uma vez, se governará com base no critério do cartão partidário em vez da competência? A história recente não é animadora.

A responsabilidade está agora do lado de quem governa. Em 2029, o povo julgará de novo. É essa a essência da democracia. Até lá, a Madeira continua refém de falta de alternativas.

2. Miguel Albuquerque optou por uma remodelação profunda no Governo. E surpreendente. Da equipa antiga apenas sobreviveram Jorge Carvalho, eterno escudeiro do presidente e Eduardo Jesus, que vê a sua pasta ser reforçada com o Ambiente. Paula Margarido, ainda deputada em Lisboa, com relações próximas da Igreja Católica, fica com a Inclusão e os assuntos sociais, um sector muito importante para qualquer governo.

Outra surpresa é Micaela Freitas, a discreta presidente do Instituto de Segurança Social da Madeira que assume a Saúde, uma área difícil e sempre polémica, com uma nuance de relevo: não é médica.

Com estas escolas, Albuquerque decidiu refrescar a equipa e por um executivo com forte pendor político, escolhendo apenas um perfil mais técnico para a pasta das Finanças e das Infraestruturas.

P.S: O DIÁRIO já está no SAPO, plataforma que desde as 12h da passada quinta-feira conta com o reforço da qualidade e do rigor do jornalismo que é uma referência incontornável no panorama mediático da Madeira há 149 anos.

O nosso jornal centenário passa, assim, a ser o mais recente meio noticioso a integrar a vasta rede de parceiros de informação do SAPO, que agora se estende às 18 capitais de distrito do continente e duas Regiões Autónomas.

Esta parceria confere escala ao nosso matutino, o que nos enche de orgulho e motivação.

A partilha de peças nas redes sociais dos dois parceiros vai atingir milhões de seguidores. O SAPO tem 1 milhão e 200 mil seguidores no Facebook, rede em que o DIÁRIO tem quase 379 mil seguidores. No Instagram, o agregador de conteúdos tem mais 86 mil fãs, no Linkedin é seguido por 12 mil e no X por mais de 287 mil. Nas mesmas redes o DIÁRIO tem, respectivamente 36.564, 1.502 e 1.215 interessados.

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