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Por uma igualdade real e efetiva

Precisamos de pôr um ponto final na persistente desigualdade salarial

Este ano as comemorações do Dia da Mulher, têm um significado especial, tendo em conta que celebramos os cinquenta anos da conquista do direito de voto das mulheres.

É tempo de recordar o feito histórico de Carolina Beatriz Ângelo, viúva e chefe de família, que aproveitando uma “brecha” na lei conseguiu há mais de cento e catorze anos, recensear-se e votar, no dia 28 de maio, numa altura em que apenas a Finlândia reconhecia o direito de voto às mulheres.

E a bravura e o longo caminho percorrido por tantas outras mulheres em Portugal, já que depois deste episódio, corrigiu-se o “buraco” na lei para impedir que as mulheres pudessem votar e só em 1930 é que algumas conseguiram votar, mas apenas as solteiras, de reconhecida idoneidade moral ou com habilitações mínimas, independentes e com dependentes a seu cargo.

Aliás, foi só em 1946 que o voto foi alargado às mulheres casadas - depois de um grande debate sobre pôr em causa a “guarda da paz familiar” – mas, só se pagassem uma contribuição predial de mais de 200 escudos quando aos homens apenas era exigido a quantia de 100 escudos.

Em 1968, deixou de haver regras diferentes para o voto de homens e de mulheres, passando a poder votar todos os cidadãos portugueses, mas desde que soubessem ler e escrever. A verdade é que na lei acabou a discriminação sexual, mas na prática não, num país com uma taxa de analfabetismo tão alta e tão desigual, este, “mas” deixava de fora 20% dos homens e 31% das mulheres.

O direito ao voto universal e sem efetiva discriminação de género só foi alcançado há 50 anos, a 15 de novembro de 1974, com a aprovação do Decreto-Lei que permitiu a tantas mulheres votarem pela primeira vez, nas eleições livres de 25 de abril de 1975.

Cinquenta anos depois desta importante conquista e deste longo e penoso caminho é tempo de refletir no muito que ainda há a fazer para garantir uma igualdade real e formal entre as mulheres e os homens.

Precisamos ainda de melhorar a representação das mulheres em diversos quadrantes da nossa sociedade, nomeadamente, na política e na economia.

Precisamos de mais mulheres interventivas na sociedade e de dar condições para que mais mulheres capacitadas e lutadoras possam dar o seu contributo.

Precisamos de pôr um ponto final na persistente desigualdade salarial entre mulheres e homens que resiste à intervenção do legislador.

E de acabar de uma vez por todas com o flagelo da violência doméstica que todos os anos ceifa a vida de muitas mulheres e que atinge todas as faixas etárias e classes sociais.

Em pleno século XXI, qualquer forma de violência contra as mulheres é inadmissível.

O combate à violência doméstica deve ser uma prioridade de todos.

No desempenho do meu mandato de deputada à Assembleia da República, e com a responsabilidade acrescida por ter sido a primeira cabeça-de-lista mulher eleita pela Região Autónoma da Madeira, defendi sempre os direitos das mulheres e dei o meu melhor por esta importante causa da luta contra a violência doméstica.

Ainda há um longo caminho a percorrer para a igualdade real entre mulheres e homens: Ambiciono pelo dia em que a igualdade seja uma realidade e em que finalmente não seja preciso sinalizar um dia, para a Mulher!