Turismo... a mais
Ao contrário do que tenho ouvido apregoado, sou de opinião que não só há excesso de turismo, como temos conseguido basicamente atrair para cá os turistas que menos interessam.
Temos por cá, demasiados turistas, que não geram proveitos suficientes para manter a região a funcionar, e que geram demasiada pressão, e demasiado desgaste de imagem nos mercados que verdadeiramente nos interessam.
Não entendo, por exemplo, a fixação nas low cost... o cliente que nos interessa não voa em low cost. O cliente que interessa à Madeira não é o mesmo que interessa às Canárias, ou a Benidorm. O cliente que nos interessa não discute se o almoço custa 50 ou 80 euros, mas insistirá sempre que a qualidade do que come corresponda ao que paga.
Não vai discutir se o bilhete de avião custa 100 ou 300, mas não vai aturar baboseiradas sobre o tamanho ou o peso da mala...
O cliente que interessa à Madeira não voa na Ryanair, nem visita a Madeira nos Aida... usa a British, ou a Lufthansa, e se por acaso vier aqui num cruzeiro vai procurar algo mais pequeno e de (muito) maior qualidade.
O cliente que deveríamos estar verdadeiramente à procura não procura hotéis de 500 ou 700 quartos, mas unidades mais pequenas em que é possível estabelecer uma relação de (maior) proximidade entre ele, cliente, e o staff do hotel e todos os seus prestadores de serviços.
É melhor para a Região, e para todos os seus habitantes, ter 200 clientes a pagar bem do que 500 que viram todos os cêntimos 10 vezes... porque estes 200 vão pagar o mesmo ou mais do que os outros 500 pagariam, e vão exercer menos pressão, a todos os níveis, sobre a Região, o seu ambiente, os seus serviços e as suas infraestruturas.
Menos clientes atravancam menos as nossas estradas, entopem menos os nossos percursos de montanha, ocupam menos os pontos de interesse, geram menos impactos, a todos os níveis, e exigem menos meios e menos infraestruturas. Cabe aos responsáveis pelo nosso turismo assegurar-se que estes menos turistas são os turistas certos em termos financeiros.
Eu, pela minha parte, estou farto de competir pelos espaços da nossa cidade com turistas que deixam aqui, em termos de retorno, menos do que custam.
Eu prefiro ter poucos a pagar muito, que muitos a pagar pouco.