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O grande desafio para 2025

As próximas eleições regionais, agendadas para o final do mês de Março, vão marcar o início de um novo ciclo na história da nossa Autonomia. Um grande desafio para todos os partidos, e todos os agentes políticos, que deverão interpretar e saber jogar as regras de um sistema – o autonómico – de base parlamentar pura.

As várias sondagens, umas mais públicas do que outras, mas existentes, e indo também ao encontro das percepções que qualquer cidadão retira ao andar pela rua, revelam que a geografia parlamentar não se alterará muito em relação às eleições regionais do ano passado. O que desde já levanta um grande problema avaliando pela durabilidade da última legislatura, que foi de apenas seis meses. Os partidos representados na casa da democracia, sob as suas actuais lideranças, falharam na concretização de um pilar parlamentar básico: a capacidade de diálogo, de fazer pontes, e conseguir consensos. Como resultado dessa incapacidade de diálogo entre si os partidos não foram capazes de oferecer uma solução governativa (estável) aos madeirenses.

O Parlamento no centro de todas as decisões

O novo ciclo na vida madeirense vem colocar verdadeiramente pela primeira vez o parlamento no centro de todas as decisões. O parlamento, e não o governo, como resulta do nosso sistema político, é a verdadeira e mais legítima expressão da vontade do povo madeirense, por muito que alguns políticos procurem distorcer esta realidade. O Governo é nomeado, tendo em conta os resultados eleitorais, obviamente, e responde perante o Parlamento, cuja missão, paralelamente com a legislativa, é a de fiscalização da acção governativa.

É com estas regras que os nossos agentes políticos terão de saber trabalhar para a Madeira encontrar estabilidade. A política de hoje não se pode fazer só com murros na mesa e gritaria. A dimensão combativa deve ser complementada com uma maior capacidade construtiva de estabelecer consensos. Para quem ainda não acordou, é preciso perceber a evolução dos tempos.

Quem é que ganha eleições num sistema parlamentar?

A realidade dos dias de hoje diz-nos que quem ganha eleições deixou de ser necessariamente o partido mais votado. Quem ganha eleições é quem consegue formar governo. São as regras da democracia, concorde-se ou não, e é com elas que temos de trabalhar.

Para tal, na construção de uma solução governativa, assim como para tudo na nossa vida, o primeiro e imprescindível requisito para um eventual compromisso é a confiança entre os agentes, e a credibilidade dos mesmos junto da opinião pública. As pessoas votam em partidos, que são maiores do que qualquer individualidade, mas os acordos fazem-se na prática entre o diálogo de agentes eleitos e ninguém é capaz de chegar a um acordo com alguém em quem não tem a mínima confiança. Aliás, sondagens recentes, uma delas publicada neste matutino, demonstra o grande desfasamento que existe entre a popularidade de alguns partidos e os seus líderes. Aliás, a diferença é abismal. Mas o foco de instabilidade na Madeira, não vale a pena insistir na mesma tecla, está mais do que identificado há muito tempo.

Este é o grande desafio dos partidos políticos madeirenses nestas eleições. Todos os partidos, e em particular do PPD/PSD, têm de merecer, primeiro, a seriedade e credibilidade do Parlamento, e, depois, ter o engenho para conseguir apresentar um programa e um governo que satisfaçam as exigências do povo madeirense directamente expressas na Assembleia Legislativa.

Os partidos têm de se adaptar aos novos tempos, reconquistando a credibilidade perdida na sociedade civil, e saber governar sem o apoio de uma maioria parlamentar de um único partido na Assembleia. Quem souber fazer isto, será o verdadeiro vencedor das próximas eleições regionais.

Temos na República o exemplo de Luís Montenegro, que tem conseguido manter uma grande capacidade para governar em minoria, sem qualquer acordo parlamentar. Ou o de António Costa, que, infelizmente para o país e em particular para a Madeira, tantas vezes prejudicada, conseguiu durante demasiado tempo governar através de um acordo com outros partidos. Perante a ausência mais do que evidente de se conseguir uma maioria absoluta de um único partido em Março, a Região tem de estar preparada para dar este passo. Para bem dos madeirenses.

Que no final do dia prevaleça a estabilidade da Madeira e, mais importante, se encontrem soluções para responder aos desafios do quotidiano madeirense. É o grande desafio para 2025.