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Mobilidade aérea: um embuste político contra a Madeira

O Governo da República anunciou a chamada plataforma de mobilidade aérea como uma “prenda de Natal” para os madeirenses. A expressão não é apenas infeliz: é ofensiva. O que está em causa não é uma prenda, é um direito. E o que foi apresentado como solução não passa de um embuste político montado com a cumplicidade ativa do PSD, tanto em Lisboa como na Madeira.

A realidade é simples e brutal: o problema da mobilidade aérea mantém-se exatamente igual. Viajar continua a ser incomportável para quem vive na Região. A plataforma não reduz preços, não garante acesso justo e não protege os cidadãos. Obriga, isso sim, os madeirenses a continuar a adiantar dinheiro que é da responsabilidade do Estado português, agora agravado por um novo castigo burocrático: certidões de dívida, processos opacos e incerteza permanente.

Isto não é incompetência. É escolha política. O Estado lava as mãos, empurra o risco financeiro para as famílias e protege os interesses das companhias aéreas. Institucionaliza-se a injustiça e normaliza-se a desigualdade. Cria-se um sistema desenhado para funcionar bem no papel e mal na vida real de quem precisa de viajar para trabalhar, estudar, tratar da saúde ou manter laços familiares.

Ainda mais grave é o comportamento do PSD. Os deputados eleitos pela Madeira sabiam exatamente o que estavam a aprovar. Sabiam que esta solução prejudica a Região. Sabiam que não resolve o problema estrutural da mobilidade. Mesmo assim, optaram pelo silêncio, pela submissão e pela obediência cega a Lisboa. Não defenderam a Madeira. Defenderam o partido.

O PSD teve todas as condições para travar este embuste. Podia ter exigido preços justos à partida. Podia ter recusado um modelo que transforma cidadãos em financiadores temporários do Estado. Podia ter usado o poder político que diz ter. Não o fez. Quando foi preciso escolher entre a Madeira e Lisboa, escolheu Lisboa.

Os madeirenses não aceitam ser tratados como cidadãos de segunda. Não aceitam um sistema que transforma um direito constitucional num favor condicionado. Não aceitam uma República que só se lembra das Regiões Autónomas quando convém ao calendário político.

O JPP não pactua com este jogo de faz de conta. Defendemos uma solução clara, justa e honesta: preços acessíveis no momento da compra, sem reembolsos, sem plataformas digitais opacas e sem burocracia humilhante. Mobilidade garantida como direito, não como promessa vazia.

Continuaremos a denunciar este embuste e a exigir responsabilidades políticas a quem falhou com a Madeira. A autonomia não se defende com comunicados vazios nem com fidelidade partidária. Defende-se com coragem, com confronto e com a defesa intransigente dos direitos dos madeirenses, custe o que custar, doa a quem doer.