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Surdez! Defeito ou qualidade?

Num belo dia do ano passado, num congresso de Medicina Geral e Familiar, um colega meu, afirmou perante o espanto geral, que, dentro dos próximos 10 anos, metade da população, vai estar “tesa”, gorda e surda! “Tesa” eu percebi logo... gorda, achei que seria fatal... mas surda fiquei a pensar! Assim, considerei que esta afirmação teria uma razão de ser e também teria de ser explicada e devidamente justificada.

Relativamente à nossa audição, achei que se o Criador tivesse colocado um esfincter nos canais auriculares... “nós outros”... como se diz em espanhol... facilmente poderíamos ter um filtro, controlado pela “torre de comando”, para impedir a audição de palermices, aberrações e “estupidezes”, de que está este mundo cheio... inclusive no nosso rectângulo lusitano, pois claro! Daí começar a refletir sobre a nossa função auditiva, porque, uma imensa quantidade de gente toma ansiolíticos e anti-depressivos... quer os dois, quer um, quer o outro, e que, pelo facto de possuírem uma óptima audição, lhes permite ouvir coisas que elas não querem nem precisavam de ouvir. E que “ab inicium” lhes vai provocar traumatismo cerebral, via traumatismo sonoro! Não sei se estão a ver a coisa? Dispor de uma capacidade auditiva perfeita, é uma qualidade, quando se assiste a uma ópera, a um espetáculo de música clássica, a um concerto rock... com música dos anos 80... ou até de 60 ou 70... e já agora, até ao show do fogo de artifício do fim de ano, na baía do Funchal, com música a condizer... mas, ao invés, não sei se não será um defeito em vez de qualidade, quando nos permite ouvir e até comentar as patachadas que nos transmitem na televisão portuguesa nos canais de A a Z ! Como se pode verificar, nos comentários aos comentários entre os participantes-candidatos para a PR, debates televisivos diários, onde no final desta conversa da treta são atribuídas as notas das prestações individuais! Como se dum exame de 4.ª classe se tratasse! Outro exemplo muito comum, acontece no trajectos de avião Funchal-Lisboa e vice-versa, com aquele tempo exaustivo de permanência nos aeroportos, com pequenos e múltiplos conflitos... por causa das filas de espera... diferentes das urgências... nas portas de entrada... por causa da criança de 3 anos, mas ainda de colo, acompanhada com o pai, a mãe, o avô, a avó, o cão, os brinquedos... e assim têm direitos prioritários, porque o animal de companhia tem de ser devidamente instalado, para não se tornar um incómodo, na plateia viajante... mais ainda as cenas III mundistas, dentro do avião com as bagagens, as que cabem e que quando não cabem... e não cabem aqui na fila 12, tem de ser colocadas na fila 21... mas afinal tem dois sacos? Mas só devia ter um... entretanto já se ultrapassou a hora prevista de saída da aeronave... e a chefe de cabine tem de pedir desculpa pelo atraso e comunica que agora temos de esperar mais 30 minutos, devido aos problemas dos “slots” tudo motivado e devido, aos acondicionamentos com os passageiros. Agora observem este cenário: um surdo dentro deste avião... a olhar para o seu IPad, instalado no lugar 15-A, a curtir um filme do James Bond dos anos 80, é um homem feliz, porque está totalmente a leste do “banzé” e da cascata de problemas, que ocorreu dentro da carlinga do avião! Vocês estão com toda a certeza a assimilar, que a qualidade e o defeito, nasceram no mesmo útero, na mesma pessoa, na mesma rua, na mesma freguesia e na mesma cidade. Mas, quantas vezes agora, uma é melhor do que a outra? O nosso azar é não poder escolher, na hora certa, “optarmos” por uma surdez passageira e selectiva! Porque os auscultadores - agora muito na moda - podem provocar uma surdez prematura! Apesar de tudo isto, fica aqui a minha esperança, que, se usarmos devidamente a nossa “torre de comando”, no futuro vamos ter menos gordos, menos surdos e menos tesos! Com ou sem a ajuda da IA!

Desejo um Bom Natal e Bom Ano Novo... para todos os verdadeiros democratas!

P.S. A propósito de surdez... quando está previsto a PSP resolver o problema do barulho das motorizadas... que já está, “há muito”, resolvido na Europa?