Uma pedrada no charco
A experiência recente demonstra que as eleições presidenciais não têm sido entusiasmantes ou mobilizadoras. E isto porque, se as competências do Presidente da República não são, propriamente, “robustas”, os últimos inquilinos do Palácio de Belém têm contribuído activamente para a respectiva banalização.
Na verdade, num regime semipresidencialista, o pior que pode acontecer a um Presidente é tornar-se um mero comentador da actualidade política, que vai alternando presenças em eventos e cerimónias oficiais, com discursos redondos e de constatação do óbvio. Quem não tem poder para executar, nem capacidade para inspirar e influenciar, torna-se enfadonho e irrelevante. Uma peça redundante de uma máquina que funciona em piloto automático, rumo ao mesmo lugar de sempre.
E a campanha eleitoral, bem como os debates televisivos, não têm ajudado a inverter esta tendência. Por um lado, muitos jornalistas insistem em ignorar (ou desconhecer) as competências do Presidente da República, questionando os candidatos sobre o que pretendem fazer em matérias nas quais não podem intervir. Não deixa de ser um exercício interessante do ponto de vista intelectual, mas continua a ser irrelevante do ponto de vista prático.
Por outro lado, a maioria dos candidatos apresentam-se como a garantia que, com eles, tudo ficará na mesma. São, de uma forma ou de outra, os candidatos que corporizam o “sistema” dos últimos 50 anos e que criaram abstenções na casa dos 50%. Representam a continuidade e transmitem a certeza de que, se alguma coisa mudar, até poderá não ser fruto do acaso, mas não será, certamente, obra dos mesmos.
Por último, há candidatos que tentam convencer os eleitores daquilo que nem eles estão convencidos. Ou seja, que querem (e saberiam) ser Presidentes. O problema é que o Presidente da República não é um Primeiro-Ministro, nem um líder da oposição. Não é alguém que divide para reinar. É alguém que tem que inspirar e liderar pelo exemplo. De conseguir unir todos os Portugueses em torno de um projecto e de um desígnio comum.
Neste contexto, a candidatura de João Cotrim de Figueiredo tem funcionado como uma autêntica pedrada no charco. Uma réstia de esperança e de ambição, assente numa mensagem de alento para os jovens que querem um país capaz de responder às suas necessidades e às suas ambições. Mas também para os menos jovens, que não se contentam com aquilo que já alcançaram e que não se conformam com a possibilidade de os mais jovens viverem pior do que eles vivem.
Partindo da realidade e respeitando os limites da Constituição que, sendo eleito, terá que jurar cumprir, Cotrim de Figueiredo tem alertado para os problemas do país e para os desafios que os mesmos colocam. Não se limita a falar do presente e do imediato. Fala do futuro e do que é preciso fazer para o que o mesmo seja diferente e melhor. E tem demonstrado que sabe que não poderá governar, mas que também não se limitará a assistir e/ou a comentar. Que, com ele, não continuará tudo na mesma.
Não é, por isso, por acaso que Cotrim de Figueiredo lidera as intenções de voto no eleitorado mais jovem – que, afinal, não está assim tão afastado da política, mas sim de certos políticos – e que é o único candidato capaz de exceder a base eleitoral do partido que o apoia.
É mesmo porque é o único candidato verdadeiramente intergeracional e aquele que apresenta a visão mais ambiciosa para um país que tem estado muito aquém daquilo que pode e merece ser.
E porque enquanto há vida, também há esperança.