O otimismo também nos salva
A cultura do pessimismo e da negatividade corrói-nos lentamente e deteriora a base de confiança que sustenta a relação entre seres humanos
E se os telejornais abrissem sempre com uma boa notícia? E se as redes sociais divulgassem mais factos positivos?
E se nós próprios fossemos, sobretudo, agentes de divulgação de conteúdos agradáveis e benignos? Que impacto teria este padrão de comunicação no comportamento, disposição e saúde mental das pessoas?
Por outro lado, que impacto tem a cultura do pessimismo nas relações humanas e nas escolhas políticas que fazemos que, por sua vez, impactam na nossa qualidade de vida?
Na voragem dos dias e dos acontecimentos, em que somos consumidos, mais do que consumidores, por todo o tipo de informação, nem nos apercebemos que a nossa atitude e escolhas são moldadas por terceiros. A liberdade é ilusória. Quando pensamos que nós seguimos os nossos interesses por vontade própria, alguém tira partido disso; alguém faz as escolhas por nós. Ter consciência da nossa vulnerabilidade é determinante para que sejamos realmente livres. Quando dependemos de algo que não controlamos, não podemos dizer que estamos no pleno gozo de liberdade.
A cultura do pessimismo e da negatividade corrói-nos lentamente e deteriora a base de confiança que sustenta a relação entre seres humanos. Se não confiamos no outro, passamos a viver com medo constante.
Alguém sabe dos avanços científicos, tecnológicos, ambientais ou de saúde que acontecem todos os dias? Sabia, por exemplo, que o projeto Ocean Cleanup removeu mais de 40 milhões de plásticos dos oceanos, libertando a fauna e flora marinhas. Ou que, desde 2013, o número de mortes causadas pela poluição do ar diminuiu 21%, devido a políticas ambientais mais exigentes e a melhores padrões de saúde? Ou ainda que a Costa Rica recicla 80% do plástico produzido ou que dá à costa? Temos ainda a notícia de que no passado mês, Portugal registou seis dias consecutivos em que as energias renováveis suplantaram as necessidades do país, segundo relatório da APREN.
Se a vida está incomparavelmente melhor do que alguma vez esteve para a generalidade das pessoas da Europa, porque é que há a perceção de que estamos pior? Porque é que em países mais ricos e mais seguros, as populações estão mais infelizes e com mais problemas de saúde mental? Não será necessário alimentar o pessimismo, para que as pessoas procurem externamente e em forma material a sua felicidade e bem-estar?
Por isso, nestes dias de festa natalícia, não obstante o incontornável consumismo da época, apelo à consciência coletiva, fundada nos valores de Cristo, tais como a alegria, a tolerância, a compaixão, o amor e a justiça.