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Curso de IA para governantes

Aproxima-se mais um Natal! O cheiro a azevinho, paira algures. O vento, a chuva forte e o frio gelado açoitam os vidros da janela enquanto uma família feliz, à volta da lareira contempla extasiada este quadro pitoresco de mais uma quadra natalícia, olhando uma mesa farta de guloseimas. Mas será que todos têm esse privilégio? Não! Não têm. A maioria sente o frio agreste a entrar pelas fresta da porta e olham uma mesa vazia e triste fazendo contas à vida para enfrentar os últimos dias do mês.

Castro Almeida, Ministro adjunto da Coesão, na cerimónia das 500 maiores empresas afirmou que Portugal “precisa de mais Madeira” referindo-se ao crescimento do PIB regional. Sr Ministro, “nem tudo o que parece é” deveria olhar para a Madeira profunda e contactar as pessoas pobres que engrossam o “pib” da pobreza, os 23% que contribuem para tornar esta Região “rica” em uma das mais pobres e atrasadas de Portugal. Eu teria corado de vergonha de ser governante num país onde os agricultores trabalham duro, todos os dias, para empobrecer, onde os pescadores enfrentam vagas alterosos, apenas para sobreviver, onde os trabalhadores não conseguem enfrentar o custo de vida, trabalhando para empobrecer, onde os doentes usam o dinheiro dos medicamentos para comprar alimentos, onde pagamos + 10€ por uma garrafa de gás, onde os casais jovens ou menos jovens não conseguem arrendar uma casa e muito menos compra-la. Sr. Ministro, Sr presidente do GR, reafirmo: Sentir-me-ia envergonhado de governar um país/ Região onde o salário mínimo cresceu 78% desde 2013 e o médio cresceu 13%, para, passado 12 anos, o poder de compra dos trabalhadores ainda ter diminuído, apesar do crescimento dos salários. Isto é uma péssima gestão. Nem vamos falar de pensões miseráveis de menos de 400€ mensais para os pensionistas. Senhor Ministro é este o exemplo que deseja para o nosso país? Senhores governantes e povo igual a mim, vejam bem como somos enganados. Os aumentos de vencimento que os governantes propalam nos seus discursos, são pagos por nós, consumidores, sempre que vamos ao supermercado ou tomar um simples café que já custa 1€ porque temos que pagar o aumento dos ordenados. Por favor não aumentem mais os ordenados baixos e médios porque o consumidor – os que podem ou não – é que terão que suportar esses aumentos e o Governo ganha mais nos impostos. Se não aumentar os salários, não aumentará tanto o custo de vida. Ser Governo, gerir dinheiros públicos, qualquer um pode fazê-lo, mas nem todos sabem... Nenhum governo pode ufanar-se de governar uma região rica, enquanto a população vive de migalhas. Isso é próprio de um país ditatorial com cofres a regurgitar dinheiro para enriquecer o regime e discriminar a população.

Sr. Presidente do GR, o PIB da Região cresce há 54 meses consecutivos e o ORAM já vai nos 8.000 milhões, sendo o turismo responsável por 30% dessa receita. Pergunto: acha que os trabalhadores beneficiaram com isso e vivem melhor? Ou é apenas para as estatísticas e encher o olho de quem nos visita? Exemplifico: O Banco Alimentar recolheu e distribuiu 33 toneladas de alimentos, enquanto 7.000 pobres dependem dessa ajuda. A Madeira nada em dinheiro, o povo nada na miséria!

Outro ex: No Continente, o Governo instituiu um programa “E-Lar” que já vai na segunda edição, e consiste na troca de eletrodomésticos velhos por outros novos mas o Governo da RAM nem fala nisso para poupar aos cofres da Região, É isto que o Dr. Albuquerque quer, mostrar, uma ilha rica, escondendo a pobreza. Boas festas para todos e que o Pai Natal ofereça um curso de IA a quem não sabe governar.