Zelensky avisa que a Rússia se prepara para mais um ano de guerra
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou hoje que a Rússia se prepara para travar mais um ano de guerra, após o homólogo russo, Vladimir Putin, ter afirmado que os seus objetivos "serão sem dúvida alcançados" na Ucrânia.
"Hoje, ouvimos mais um sinal de Moscovo a dizer que se estão a preparar para fazer do próximo ano mais um ano de guerra", declarou Zelensky no seu discurso diário à nação.
O líder ucraniano avisou os aliados europeus que "é importante que vejam isto" e sobretudo que reajam, dirigindo-se em particular aos Estados Unidos, "que dizem frequentemente que a Rússia supostamente quer acabar com a guerra".
O líder do Kremlin (presidência russa) reafirmou hoje o objetivo de conquistar militarmente o que considerou como "territórios históricos russos" na Ucrânia, numa alusão às regiões parcialmente ocupadas no país vizinho, se a diplomacia fracassar.
"Se o adversário e os seus patrocinadores estrangeiros se recusarem a falar sobre isso, a Rússia alcançará a libertação dos seus territórios históricos pela via militar", afirmou Putin.
No seu discurso de hoje, Zelensky acusou Moscovo de usar a diplomacia para "encobrir o seu desejo de destruir a Ucrânia e os ucranianos" e "para legitimar o roubo" dos territórios do seu país e não só.
O Presidente ucraniano sugeriu que, com base no mesmo argumento de Putin, Moscovo poderá atacar os territórios de outros países europeus que "um dia reivindique como as suas chamadas terras históricas".
Nesse sentido, referiu-se à reunião do Conselho Europeu agendada para quinta-feira em Bruxelas, onde os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) deverão decidir se utilizam os ativos congelados russos nas suas jurisdições para continuar a financiar Kiev.
Defendendo que se trata de uma reunião "muito importante", o líder ucraniano alertou que "a Rússia precisa de perceber que o seu desejo de voltar a travar uma guerra no próximo ano será inútil, porque a Ucrânia terá apoio" dos seus parceiros europeus.
"Isso depende inteiramente da Europa, de a Europa tomar essa decisão", salientou o Presidente ucraniano, que é igualmente esperado na quinta-feira em Bruxelas.
Embora a maioria dos países da UE seja favorável à utilização de ativos russos congelados para financiar Kiev, a Bélgica, detentora da maior parte destes fundos, opõe-se a esta medida por receio de repercussões legais caso a Rússia a conteste judicialmente.
A Comissão Europeia propôs a emissão de nova dívida comum como alternativa para continuar a cobrir as necessidades económicas da Ucrânia, uma fórmula que encontra resistência em vários Estados-membros.
Zelensky afirmou ainda no seu discurso que espera que os seus enviados realizem novas conversações esta semana com mediadores norte-americanos para avançar para uma solução negociada para o conflito com a Rússia.
A administração norte-americana intensificou nas últimas semanas as negociações de um acordo de paz entre Moscovo e Kiev mais os seus aliados europeus, a partir de um plano que, na sua versão inicial, correspondia a várias das exigências do Kremlin.
As partes continuam longe de um entendimento, sobretudo devido à recusa de concessões territoriais da Ucrânia à Rússia, e também às garantias de segurança internacionais a Kiev para prevenir uma nova agressão de Moscovo em caso de um acordo