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O último a sair que apague as luzes!

Dentro de poucos dias celebramos os 50 anos do 25 de Novembro de 1975, razão pela qual intitulei este artigo com uma frase que alguém escreveu, no Verão de 1975, num grande grafiti no Aeroporto de Lisboa. “O último a sair que apague as luzes” era o conselho dado para os muitos que durante esse Verão Quente apanhavam o avião para deixarem o País o que poderia levar a que o último português partisse deixando para trás um país vazio.

O ambiente que se vivia em 1975, desde o 11 de Março, levava a grande preocupação para todos os que acreditavam que a Revolução de 25 de Abril levaria Portugal no sentido dos sistemas políticos e económicos dos países do Norte da Europa. Porém, o que se verificava era um caminhar no sentido oposto, ou seja, de uma experiência de democracia popular com nacionalizações, expropriações e ataque aos detentores de capital a quem era atribuído o rótulo de “capitalista” que passou a ter um sentido pejorativo. A agressividade era tal que muitos dos “capitalistas” sentiram que a sua vida estava em perigo.

O 25 de Novembro de 1975 veio colocar um ponto final numa experiência que não tinha sido validada pelos eleitores e, desse modo, voltou a colocar Portugal no caminho das democracias europeias, onde o povo é quem mais ordena com o seu voto. Este é o caminho que a maioria dos portugueses tem escolhido em todos os atos eleitorais realizados desde o 25 de Abril, sendo que a integração plena na União Europeia tem o apoio da larga maioria da população.

50 anos passaram, muito foi feito, mas ainda há muito para fazer. Só quem não viveu antes do 25 de Abril ou não conhece os indicadores pode acreditar que antes de 1975 se vivia melhor do que se vive hoje. Vejamos um indicador: a mortalidade infantil (número de bebés que morrem com menos de um ano por cada 1.000 que nascem vivos em Portugal) - apresentava o valor de 38,9 em 1975 e 3 em 2024, ou seja diminui por mais de 10 vezes o que mostra bem as melhores condições de saúde das mães e dos bebés em 2025 apesar do muito que ainda há a fazer para resolver os problemas que são notícia; casos diários de maternidades fechadas, casos frequentes de nascimentos fora dos hospitais e infelizmente ainda alguns casos de mortes talvez evitáveis. Outro indicador: a esperança de vida à nascença – os bebés que nascem atualmente esperam viver, em média mais 10 anos do que as pessoas que nasceram em 1975, o que mostra que as perspetivas de qualidade ao longo da vida é muito maior nos dias futuros do que foi no passado. No entanto, não podemos descurar a qualidade de vida dos idosos que parece não estar garantida segundo muitas notícias.

Nos 27 países da União Europeia, Portugal é o 7.º país com mais baixa taxa de mortalidade infantil e o 8.º com maior esperança de vida, o que mostra que o que temos feito nos últimos 50 anos não tem sido mau… agora há que continuar a fazer bem e, se possível fazer melhor para nos aproximarmos o mais rapidamente possível do bem-estar do europeu médio para que Portugal não continue a ver tantos a deixarem o País.