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O que o Nobel da Economia pode-nos ensinar

O Prémio Nobel da Economia de 2025 foi atribuído a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt, que demonstraram que o crescimento económico está diretamente relacionado com o progresso tecnológico e a “destruição criativa”.

Propõem que é um erro assumir que o crescimento económico é garantido e automático, explicando que depende de cinco condições essenciais: conhecimento amplamente difundido, instituições que protejam a propriedade privada, mercados concorrenciais, educação sólida e economias abertas.

As suas conclusões oferecem lições úteis, particularmente para economias pequenas como a nossa, cujo futuro dependerá de transformar conhecimento em valor acrescentado.

Na região, destacam-se favoravelmente as instituições estáveis e um enquadramento jurídico sólido, beneficiando da integração europeia e de uma economia aberta.

No entanto, temos pontos a melhorar. Precisamos de um sistema educativo mais robusto, com maior ligação ao mercado profissional, de aumentar a intensidade e difusão de conhecimento e de reduzir a nossa dependência de um setor económico único.

A baixa taxa de participação no ensino superior da Região limita significativamente a aquisição e difusão de conhecimento utilizável, limitando o capital humano disponível.

Paralelamente, as instituições de ensino da região devem intensificar – e são de notar diversas iniciativas recentes – os seus esforços enquanto laboratórios de inovação, criando soluções que sirvam o tecido empresarial da região e gerando valor para alunos e investigadores. Estes projetos dinamizam o setor empresarial, aumentam o retorno do investimento em educação e ajudam a reter talento que tem muitas vezes optado por emigrar.

Este esforço deverá ser direcionado para o mercado e deve ser incentivado nas áreas relevantes para a Região e com relevância duradoura, como a economia do mar, o turismo e as atividades conexas, novas tecnologias e sistemas aplicacionais e a biotecnologia.

É importante notar que o esforço para diversificar não implica abandonar o turismo, um setor com muito capital e necessidades operacionais que será sempre relevante para a economia regional. O objetivo é investir paralelamente noutros focos. Diversificar não é esquecer o turismo, mas sim fortalecer as áreas que competem com este setor por capital e know-how.

As ilações da biblioteca de trabalho destes autores são robustas e claras. O crescimento não acontece aleatoriamente, resultando de instituições e políticas que cultivem o conhecimento, da concorrência e da capacidade de adaptação. A Madeira tem crescido e continuará a crescer, alavancando estas diversas áreas de intervenção.