Anarquia
Tenho andado por toda a ilha, nestas últimas semanas, e tenho visto de tu do… os trilhos de montanha e as levadas sobrecarregados de papel higiénico e lenços de papel. Carros parados por todo o lado, e turistas a fazer o que lhes apetece… porque sim.
Na Ponta de São Lourenço, o abuso de alguns levou a que haja “trilhos” abertos por todo o lado. Numa altura havia avisos para que as pessoas não se afastassem do trilho principal, e os guardas circulavam a manter a ordem. Agora, a prioridade parece ser cobrar bilhetes.
Nas 25 Fontes ouvem-se os gritos dos mergulhadores cinco minutos antes de lá chegar, e ninguém cumpre o sentido único instituído para proteger os caminhantes… até a sinalização é dúbia, e nalguns lugares, contraditória…
Gostava de saber se já foram feitos estudos a determinar capacidade de carga, e se já há indicações de que medidas tomar se se atingir esta carga.
Há uns anos havia recomendações, em termos de planeamento a médio-longo prazo, que nunca se ultrapassasse o número das 20 mil camas… calculo que hoje devemos andar pelas 60 mil, entre hotelaria e AL, legais e outros… A justificação que vi para as 20 mil camas era por forma a garantir qualidade e sustentabilidade. A minha dúvida é se as mudanças para três vezes isso se sustentam em estudos sérios, ou num “jeitinho” aos empresários do sector e aos da construção civil.
Também tinha curiosidade de saber se, e quando, vai haver uma intervenção do governo regional no sentido de limitar a aquisição de propriedades por parte de não residentes, ou pelo menos por parte de não residentes Schengen… porque a pressão sobre a habitação está a tornar os preços insustentáveis – quer aquisição, quer arrendamento – e corremos o risco de perder todos os nossos jovens mais qualificados, os que fazem questão de ter uma casa deles.
Empurrar com a barriga tem limites, e a inércia e inação só fazem crescer os problemas. Não fazer nada não é opção, mas convém que os decisores saiam do conforto e do ar condicionado dos seus gabinetes e tomem um banho de realidade. Quiçá a acompanhar um grupo, numa excursão de autocarro, ou num passeio de montanha.