Desafio pela valorização e dignificação da carreira policial
No dia 4 de fevereiro, em Lisboa, ocorrerá a posse da nova direção da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), um acontecimento que inaugura uma nova fase na batalha pela valorização e reconhecimento da nossa profissão. Ao aceitar novamente o desafio da única lista concorrente com o slogan “Conscientizar para Melhorar a Luta”, assumo o compromisso de me empenhar ao máximo pelos próximos quatro anos. Aceitei este desafio com grande responsabilidade, pois tenho uma profunda crença nos valores que nos guiam nesta batalha e no trabalho que a ASPP vem realizando ao longo dos anos.
Foi muito positivo o balanço dos últimos quatro anos de atividade da ASPP. A nossa atividade sindical, os nossos pedidos e as nossas vitórias indicam que estamos na direção correta. Creio que a nossa batalha se baseia em princípios firmes e em metas definidas, que têm auxiliado na melhoria das condições laborais e na valorização da profissão de polícia em Portugal. Esta persistência no trabalho é também um reconhecimento de que a nossa atuação tem causado impacto e principalmente, tem sido uma voz ouvida e respeitada, tanto dentro como fora da polícia.
Ademais, penso que a função do sindicalismo é crucial neste cenário. O sindicalismo é um dos principais instrumentos que dispomos para proteger os direitos dos profissionais da PSP, assegurar o respeito à nossa profissão e fomentar o aprimoramento constante das nossas condições laborais. A ASPP tem se destacado ao longo dos anos na proteção dos direitos dos polícias, e é essa herança que queremos preservar e perpetuar. Concordo com a posição do presidente Paulo Santos, que tem mostrado uma conduta firme e lógica na luta pela dignificação da nossa profissão, uma atitude que, estou certo, continuará a marcar a diferença nos anos vindouros.
Contudo, a realidade da nossa profissão não é simples. Um caso recente ilustra isso: a acusação de homicídio simples contra um agente da PSP no caso do falecimento de Odair Moniz, na Cova da Moura, é um exemplo claro das consequências e da pressa nas investigações. O Ministério Público e a Polícia Judiciária, com a urgência de avançar com a acusação, ignoraram o processo adequado de apuramento de fatos e a verificação de evidências. Este procedimento precipitado resultou em “incoerências e imprecisões” na elaboração do auto por parte da PSP, algo que compromete a credibilidade da investigação.
Em circunstâncias como essa, há um efeito direto não apenas na confiança do público na polícia, mas também na atratividade da carreira para as gerações mais jovens. É necessário admitir que esse tipo de situação não atrai os jovens que, atualmente, estão considerando a carreira policial. Ninguém almeja integrar uma instituição onde a sua reputação é posta em dúvida por ações isoladas, que acabam por influenciar a perceção pública.
A atividade policial deve ser guiada pela ética, transparência e responsabilidade. É crucial, que em circunstâncias como esta, a severidade da investigação seja total e a verdade prevaleça, independentemente da sua natureza. É igualmente crucial adotar uma postura explícita de responsabilidade, para prevenir que tais incidentes se repitam e preservar a confiança da sociedade nas nossas instituições.
Estes obstáculos não devem ser negligenciados, contudo, não podem ser a única referência acerca do trabalho policial. É decisivo que as gerações mais novas vislumbrem a carreira policial como uma oportunidade de servir e proteger a comunidade, respeitando os direitos humanos e os princípios da justiça. A minha tarefa, em conjunto com a nova direção da ASPP, é persistir na luta para que a nossa profissão seja mais valorizada, mais digna e mais equitativa para todos os profissionais da PSP.
Em resumo, aceito o desafio de persistir na luta pela dignificação da nossa profissão, pois confio nas nossas demandas e no trabalho que temos realizado ao longo dos anos. O nosso objetivo é promover a valorização da nossa profissão, a justiça, a ética e a transparência das nossas ações, para que, no futuro, mais jovens se sintam estimulados a ingressar na PSP e contribuir para um país mais seguro.