DNOTICIAS.PT
Crónicas

República das bananas?

Os partidos não se fizeram para serem carga negativa em tempo de impasse. Esses são dispensáveis

Estamos vivendo um mundo condicionado por escolhas eleitorais e “arranjos” políticos. Índia, África do Sul, Europa, França, Reino Unido, Espanha e Estados Unidos fizeram ou vão fazer eleições no corrente ano. É quase todo o mundo democrático. Portugal e a Madeira também foram a votos. Nós, Pérola do Atlântico, evitámos repeti-las já no último suspiro. Por pouco não fomos os únicos a não termos solução a partir de eleições.

Somos tacanhos uns com os outros e as leis eleitorais não nos ajudam.

Alberto João Jardim fez mudar a lei eleitoral que retirou ao PSD, nas eleições de Maio, uma maioria absoluta com 26 deputados. Sabendo que criava o caos político na “sua” autonomia. Há quem não queira felicidade para as suas criações. Fazem e depois só descansam quando destroem o seu trabalho.

O PSD tem a obrigação de investigar a suspeita “orientação” dada no interior do partido para, tanto os ressabiados como os anti-“renovadinhos”, votarem no JPP. Só desse modo teremos o equilíbrio emocional para continuarmos a união dentro do PPD/PSD, acreditando na lealdade dos que, por opção pessoal, estiveram contra Miguel Albuquerque. Ignorar é trair os estatutos.

Deixem-se de paninhos quentes. Há uma tentativa para destruir o PSD na Madeira e, a nossa obrigação, é impedir que tal aconteça. O PSD é o partido amado pelo povo que de forma generosa e leal lhe tem confiado a construção do progresso e a consolidação da Autonomia. Os seus dirigentes mais que segurarem as instituições políticas têm de salvaguardar a integridade da democracia partidária, sob pena de cumplicidade com o que há de pior na política.

As pessoas são livres de escolherem o partido que querem para si e contribuírem para a sua dinâmica interna, mas já não lhes é admitido ajudarem à sua fragilidade perante adversários e opinião pública. Muito menos induzirem no voto diverso.

Lembram-se quantas purgas, expulsões, “saneamentos” e despedimentos políticos se fizeram no PSD durante a liderança anterior? E quantas outras foram tentadas sem sucesso?

Nem dava para pensar em voz baixa. Era sufoco persecutório a tudo o que fosse discordância da orientação suprema.

Ler o “X” faz mexer cemitérios de militantes leais, honestos, humildes e anónimos.

Agora, o PSD vive a agonia do que é feito pelos próprios que tudo proibiram enquanto foram os reguladores do regime interno autoritário. Achavam que apenas sem liberdade individual e com a sua impiedosa disciplina era possível manter o PSD vitorioso e maioritário. Só que agora transportaram para dentro do próprio partido tudo o que diabolizaram na oposição do seu tempo.

É ler jornais e publicações digitais como ouvir rádio e tv para ficar consciente quanto maligna é a intervenção dos que estão a sabotar a orientação política do PSD. Se foram derrotados é natural que o PSD siga linha de rumo distinta da que os fez perder as eleições internas. Não gostam... paciência, é a vida em democracia. Mas não têm o direito a todos os dias virem dizer como diferente fariam ou como a dar caminhos vários para os que obrigaram a serem descontentes consigo próprios.

Acham que o JPP fez actividade política para justificar mais quatro deputados? E porque será que os votos recaíram no PSD nas eleições europeias sem candidatura directa de Albuquerque?

É ridículo assistir à cortesia política feita aos opositores do PSD e de Albuquerque por escritos simpáticos fruto de traições concretizadas ou veladas.

O que estamos a viver na vida política madeirense é total ausência de racionalidade e amadurecimento político.

Então não deveria ser o CDS, por exemplo, a perguntar ao PSD o que poderia ser feito em conjunto para evitar uma maioria de esquerda? Não deveria o CHEGA colocar a mesma questão ao PSD? Ou o próprio IL? Não, nesta “república” com bananeiras em excesso, foi um imbecil partido de dois deputados a exigir o maior cargo da autonomia, oitenta por cento do seu programa e, mais tarde, outras seis medidas adicionais. Que se lixe se nos tornamos em vulgar República das Bananas.

Obviamente não me revejo neste quadro de negociação tão absurdo. Não há disto em qualquer outro lado. É uma “especificidade” da nossa “madeirensidade”.

E, mesmo assim, neste ambiente de cedências sem limites, em que tudo se aceita em nome da “salvação regional” quase não se conseguiam apoios para uma maioria.

O PS não quer ouvir seja o que for. O JPP vê-se com votos laranja, como nunca imaginou ter, e julga segurá-los se mantiver a intransigência anti-Albuquerque de Manuel António Correia. O Iniciativa Liberal deve andar envergonhado entre o sucesso homólogo nos Açores e a incapacidade para ser útil na Madeira. O CHEGA agoniza na frustração de pouco poder contribuir para a Autonomia, por directa ordem de Lisboa. O PAN, simpaticamente liderado, primeiro foi a Eva deste jardim do paraíso, evoluindo no tempo para lancha “salva-vidas” desta arca de Noé.

Então temos solução?

Não sei se esta é uma delas. Veremos a prazo onde vai parar. Uma coisa é certa: o CDS está saciado com um descaramento que enoja. O CHEGA partiu-se, entre Lisboa e Funchal, como forma de sobreviver. Miguel Albuquerque teve o que quis e pelo que lutou.

É um novo tempo que Miguel Albuquerque soube conquistar na lógica democrática. Quem ficou de fora fugiu covardemente a responsabilidades inerentes a quem participa nas decisões eleitorais. De costas voltadas para a democracia que parece só respeitarem quando tiverem os votos todos.

É particularmente infeliz o voto contra por instrução distinta de Lisboa. É o mal dos nossos mais frágeis e subordinados a Lisboa. Os que querem ser colónia. Julguei nunca mais ser possível ouvir esse argumento. Mas existe na direita extrema os que preferem ser paus mandados dos “senhores” da capital. Nem os comunistas expressaram essa ousadia retrógrada e inversa ao sentido da História da Madeira.

Mas a verdadeira solução, politicamente estável e duradoura, não está onde procuram. Não são os que tentam subornar oferecendo programa das “mil e uma noites”. Não, não está aí.

A solução está no PSD! Se Alberto João Jardim e Manuel António Correia deixarem!

Sim, a solução está no partido amado pelo povo e líder da Autonomia e progresso. É revendo o programa eleitoral do PSD, promovendo a coesão interna e consolidando a liderança pela aproximação das bases, que se conseguirá uma nova maioria absoluta, popular e autonomista, que dê novo rumo à vida política madeirense.

Sem este espectáculo confrangedor.

Todos sabemos o que fazer para que o PSD volte a ser o partido responsável, rigoroso e construtivo para ser amado pela maioria do nosso povo.

Os partidos da oposição levaram cinquenta anos a tudo fazerem para retirar ao PSD a maioria absoluta. Conseguiram-no e, chegados aqui, não conseguem solução transparente e com mínima viabilidade política. Não sabem o que fazer. Já se adivinhava.

Assim há que estar preparado para novas eleições para a Madeira e Porto Santo que façam o PSD aproveitar de uma reflexão colectiva de todos nós.

Os partidos fizeram-se para serem ou ajudarem a serem governo. Para construir oportunidades e viabilizar soluções. Não para serem a carga negativa em momentos de impasse. Esses são dispensáveis.

Estamos todos avisados do que cada um é capaz. Ou do que não é.

Os parceiros para uma maioria absoluta não são estes partidos para os quais nada é solução ou apenas tudo é aceite. Alguns deles eunucos das respectivas lideranças em Lisboa.

A maioria absoluta consegue-se renovando a força do PSD junto do povo leal, amigo e carente de política a bem da melhoria das suas condições de vida.

Governando, mesmo que em maioria com o contributo da oposição construtiva. Não da que quer lugares para o seu chefe mas para os que têm visão sobre o futuro da nossa Autonomia.