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Feijóo diz que qualquer "partido de Estado" europeu rejeita amnistia a catalães

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Foto:  Pierre-Philippe MARCOU / AFP

O presidente do Partido Popular espanhol (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, disse hoje que qualquer "partido de Estado" europeu recusaria a amnistia que pedem os independentistas catalães e sublinhou que os socialistas diziam o mesmo "até há seis dias".

Feijóo defendeu, num encontro com a imprensa estrangeira em Madrid, incluindo a Lusa, que normalmente as amnistias fazem-se por causa "de momentos em que as liberdades não estão garantidas ou não há um ordenamento jurídico democrático", o que não acontece em Espanha, que tem uma Constituição e leis "homologadas às dos países democráticos europeus".

"Estou convencido de que nenhum partido de Estado num país da União Europeia aceitaria", afirmou, em relação ao pedido de amnistia para condenados ou acusados pela tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017, que incluiu a realização de um referendo ilegal e uma declaração unilateral de independência.

Um dos acusados é o então presidente do governo regional, Carles Puigdemont, que vive na Bélgica desde 2017 para fugir à justiça de Espanha e que esta semana disse que o partido de que faz parte, o Juntos pela Catalunha (JxCat) está disposto a negociar a viabilização do próximo executivo espanhol, na sequência das eleições de 23 de julho, se houver uma amnistia para os independentistas.

"Eu não quero ser presidente assim", disse hoje Feijóo aos jornalista.

"Não vou chegar ao governo com condições impostas por um senhor fugido à justiça", disse ainda o líder do PP, que venceu as eleições mas não conseguiu até agora reunir os apoios necessários no parlamento para assegurar a investidura como líder do governo numa votação no plenário dos deputados agendada para 26 e 27 deste mês.

Feijóo condenou a disponibilidade do partido socialista (PSOE), o segundo mais votado nas eleições, para negociar com o JxCat o apoio a uma investidura do socialista Pedro Sánchez como primeiro-ministro.

"Todos dizíamos que não até há seis dias", afirmou o líder do PP, que leu frases anteriores do próprio Sánchez e de outros dirigentes socialistas em que rejeitavam a possibilidade de negociações com Puigdemont ou de uma amnistia para os independentistas invocando o respeito pelo poder judicial e a incompatibilidade de uma medida dessas com a Constituição espanhola, com o estado de Direito e a com a democracia.

Para Feijóo, o PSOE perdeu as eleições, mas está "disposto a qualquer coisa para se manter no governo".

"Tudo o que era impensável que pudesse acontecer na política espanhola ocorreu nos últimos cinco anos e, mais intensamente, nos últimos dois meses, ou está acontecer", acrescentou.

O líder do PP reiterou que o JxCat teve 1,2% dos votos nas legislativas e os partidos independentistas 6%, no seu conjunto.

Dentro da Catalunha, o PP teve mais votos do que os dois grandes partidos separatistas que elegeram deputados (JxCat e Esquerda Republicana da Catalunha), acrescentou Feijóo, insistindo em que não podem ser os independentistas a impor as condições para a governabilidade de toda a Espanha.

O PSOE tem dito que a investidura de Feijóo no final deste mês será um fracasso e espera que a seguir Sánchez, atual primeiro-ministro em funções, seja reconduzido no cargo pelo plenário dos deputados, com os votos de uma 'geringonça' de forças de esquerda, extrema-esquerda, regionalistas, nacionalistas e independentistas que já conseguiu juntar em 17 de agosto, na eleição da presidência do parlamento.