Albuquerque na Ilha das Maravilhas!

Na pitoresca ilha da Madeira, o PPD/PSD reina há quase 50 anos, com uma democracia peculiarmente “ditatorial”. Sob o disfarce da pluralidade política, as suas acções assemelham-se muitas vezes mais a um enredo de comédia do que a um verdadeiro governo democrático. Liderado por líderes que parecem perpetuar-se no poder como protagonistas de uma peça teatral sem fim, o palco político madeirense tornou-se um espectáculo para os cidadãos, misturando política e entretenimento de forma indistinguível.

Como pano de fundo, assistimos a discursos grandiosos e promessas vazias, como se fossem apenas linhas ensaiadas num guião repetitivo. Os dirigentes do PPD/PSD, enquanto coadjuvantes, parecem contentar-se em encenar um papel previsível já conhecido do público, sem mostrar qualquer desejo de inovação ou renovação.

Enquanto isso, os madeirenses são espectadores deste espectáculo político de longa data, com a sensação de que as suas vozes se perdem entre os aplausos artificiais de quem os governa. A democracia, que deveria ser um baluarte da igualdade e da participação, transformou-se numa comédia burocrática, em que os cidadãos são meros figurantes sem qualquer influência real nas decisões do palco político.

Nesta farsa política, os bastidores parecem ainda mais sombrios. Acordos e conchavos entre actores políticos são tão comuns quanto adereços no cenário. A democracia é apenas uma fachada, enquanto nos corredores do poder, interesses instalados e a busca pela manutenção do status quo ditam a trama.

Neste jogo político cheio de ironias, a liberdade de imprensa enfrenta censura constante, como se fosse um guião censurado pelos próprios autores. A falta de transparência é a trama central, onde as cortinas são puxadas apenas o suficiente para dar um gostinho do que se passa nos bastidores, mas nunca revelando totalmente a verdadeira trama.

A Madeira, conhecida pela sua beleza natural e cultura única, é agora também palco desta sátira política, onde a democracia parece um disfarce conveniente para manter o poder nas mãos de poucos. Enquanto a peça continua a tocar, cabe aos cidadãos reflectir sobre o papel que desempenham como espectadores e buscar uma verdadeira renovação do enredo político, afinal, uma verdadeira democracia não se faz com eternos protagonistas, mas com uma constante evolução de vozes e ideias.

Enquanto isto a oposição, a única e verdadeira alternativa de poder nesta terra, ao tentar ser a voz da mudança e da esperança, é implacavelmente descredibilizada, marginalizada e manietada por um regime autoritário que teme perder seu controle sobre o palco político.

Nesta luta desigual, a verdadeira democracia vê-se sufocada, mas a resistência persiste, alimentando a chama da esperança por um futuro mais justo e inclusivo.

Luis Miguel Abreu