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Vai ficar pior?

A invasão da Rússia já vai longa, com custos incalculáveis em vidas humanas e danos materiais. A contra-ofensiva ucraniana vem sendo paulatinamente depreciada, mesmo por fontes ocidentais. Pela lentidão, apesar de compreensível, pela resposta adversária bem preparada na posição defensiva, pela ausência da componente aérea, fundamental para uma boa prestação das forças que atacam.

Os recados permutam-se, do lado ucraniano acusando o ocidente pelo tardio treino dos pilotos de aviação para aviões que ainda não têm, do lado ocidental mantendo o apoio, mas mostrando, aqui e ali, por diferentes protagonistas que, se calhar, vai ser melhor a Ucrânia começar a pensar em discutir a paz.

Ora, essa predisposição só iria ocorrer quando os russos fossem expulsos do território que haviam ocupado. O que ainda não aconteceu na sua real dimensão e estará ainda algo distante de suceder.

Entretanto avoluma-se a especulação sobre um provável atentado em Zaporíjia. Os beligerantes acusam-se mutuamente por um eventual ataque àquela central. Incriminações sobre uns e outros não faltariam. A acontecer disporia a Ucrânia, com base no artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, da possibilidade de solicitar à NATO intervenção no conflito, tornando-o internacional e de outra dimensão.

O facto de as autoridades ucranianas já terem acalmado a população de Kiev sobre os escassos efeitos nocivos que qualquer incidente nuclear em Zaporíjia teria sobre a capital é mau pronúncio. Efeitos que, de alguma forma, chegariam a países europeus limítrofes, membros da União Europeia e da NATO. Seria o mote para que as hostilidades atingissem outras proporções.

Sim, a guerra pode ficar pior. Era melhor que não ficasse.