Desporto

Kika diz que "é preciso acreditar e, sobretudo, trabalhar"

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A avançada portuguesa Kika Nazareth afirmou hoje que Portugal tem que acreditar que é possível vencer na terça-feira os Estados Unidos e, sobretudo, trabalhar para o conseguir e atingir os 'oitavos' do Mundial feminino de 2023.

"Chegamos ao último jogo a depender só de nós e foi isso que nos foi pedido. Temos os Estados Unidos pela frente, o campeão das duas últimas edições, que não perde há não sei quantos anos [desde 2011] numa fase final, mas também acho que temos vindo a fazer um bom trabalho", disse a jovem jogadora lusa.

Desta forma, "é preciso acreditar, é preciso, sobretudo, trabalhar, e acho que o temos feito da melhor maneira possível".

"Temos noção daquilo que nos espera, mas estamos focadas em nós, o que é muito importante. Entrar em campo a respeitar, com humildade, mas com caráter e personalidade. O trabalho vai estar lá, o talento está lá. E acho que também é sempre preciso um bocadinho de sorte. É acreditar. Vamos entrar em campo como se fosse o jogo das nossas vidas", frisou.

A futebolista do Benfica deixa claro que as portuguesas têm "um talento que é difícil encontrar-se", enquanto os Estados Unidos "têm tudo, são uma das maiores potencias do mundo".

"Temos de aproveitar ao máximo todas as oportunidades que conseguirmos ter. É jogar à Portugal. Seja uma, duas ou três oportunidades, assim que estivermos frente à baliza - com o Vietname aconteceu várias vezes, mas só concretizámos duas - não podemos errar. Sempre que tivermos oportunidades, é conseguir concretizá-las, mas, antes, há muito trabalho a fazer, há 100 metros de campo para percorrer", frisou.

As 'navegadoras' estão preparadas para o que ai vem: "Sofrer, mas com alegria, sofrer com um sorriso na cara, sofrer mas no melhor sentido da palavra, sofrer no bom sentido".

"Acho que se não acreditarmos, e vou excluir daqui o trabalho e o talento, a bola também não anda para a frente. Temos de acreditar. Acreditamos e vamos fazer por isso", prosseguiu.

Para trás já ficou a histórica vitória com o Vietname, por 2-0, na quinta-feira, em Hamilton, com golos de Telma Encarnação e de Kika Nazareth.

"O mais importante a retirar daquele jogo foi o momento histórico que se viveu, a primeira vitória numa fase final, a primeira vitória sem sofrer golos, o primeiro golo - neste caso o da Telma (Encarnação) e, depois, o meu. Foi uma vitória à Portugal. Há sempre margem de progressão e margem para progredir, mas também há que retirar e ver as coisas boas", lembrou.

Kika sabe que será um jogo que ficará para sempre na história da seleção lusa: "Foi um momento muito importante, muito especial. É sempre incrível representar Portugal ao mais alto nível, sobretudo num Campeonato do Mundo, coisa que nenhuma de nós tinha experienciado. Foi um momento muito especial".

Quanto ao golo, que a fez desalojar Cristiano Ronaldo do topo da lista dos mais jovens a marcar em Mundiais, a futebolista de 20 anos diz que fica "feliz", mas divide os méritos.

"Fui eu que marquei o golo, mas foi a Telma que me passou (a bola). Foi uma vitória para a qual eu ajudei com um golo, mas a vitória é de Portugal e acho que isso tem que ser o mais importante, porque eu também só estou aqui pelo todo, pela equipa que está por trás (...). É um recorde que tem lá o meu nome, mas não deixa de ser um recorde de todas", frisou.

Em relação à sua carreira, Kika, que já defrontou as melhores equipas europeias, pelo Benfica, esteve no último Europeu e agora no Mundial, diz que tal é "um bocadinho assustador".

"Eu acho que nem eu própria tenho noção do patamar em que já chegámos. Falo de mim e falo da equipa toda (... ) É fruto do que eu, e neste caso o Benfica, mas sobretudo a seleção, tem vindo a fazer, e a federação. Se eu quiser, e se tudo correr bem, também terei um futuro risonho pela frente", disse.

Quanto a esse futuro, a avançada lusa só quer olhar, por agora, para o presente, para esta oportunidade.

"Temos a noção de que estamos numa montra. Os olhos estão postos em nós, mas é neste momento. É este momento que nós estamos a viver, não é o que aí vem. Mais importante do que pensar no futuro é pensar nestes próximos dois/três dias, é pensar no próximo jogo, é pensar no Mundial e não no que vem a seguir. Acho que ao mínimo deslize de foco as coisas podem... Nós não temos esta oportunidade todos os dias, por isso acho que o mais importante é focar no próximo jogo, focar no Mundial e depois logo se vê", finalizou.

A número 20 lusa, que soma sete golos em 29 internacionalizações 'AA', falou aos jornalistas antes do treino matinal de hoje, que se realizou no Mangere Centre Park, sendo que, nos 15 minutos abertos, foi possível ver que Fátima Pinto continua a trabalhar à margem do grupo.

Portugal e os Estados Unidos defrontam-se na terça-feira, pelas 19:00 locais (08:00 em Lisboa), no Eden Park, em Auckland, em encontro da terceira jornada do Grupo E do Mundial2023.