A Guerra Mundo

Von der Leyen defende plano de paz de Zelensky e elogia reformas de Kiev

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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu hoje o plano de paz do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky como "ponto de partida para qualquer negociação" na Ucrânia, e elogiou Kiev no caminho de adesão à União Europeia.

Von der Leyen recebeu na sede da ONU, em Nova Iorque o "prémio mundial pela paz e liberdade" que é concedido anualmente pelo Congresso Mundial de Juristas, e que nesta ocasião lhe foi entregue pelo Rei Felipe VI da Espanha.

No seu discurso de aceitação do prémio, von der Leyen abordou a guerra na Ucrânia, "um país que não está apenas a lutar pela sua liberdade, está a lutar pela liberdade de todos os países", e disse que o plano de paz de 10 pontos de Zelensky, "baseado na carta da ONU e nas suas resoluções", é a melhor base para "uma paz justa e duradoura".

A líder do executivo comunitário disse que os ucranianos "optaram claramente pela democracia e pelo Estado de Direito" e, portanto, a sua exigência de integração na União Europeia (UE).

A este respeito, disse ser "surpreendente ver a rapidez e determinação da Ucrânia, apesar da invasão da Rússia, desde 24 de fevereiro de 2022, estando a aplicar as suas reformas", e citou especificamente a independência judicial, direitos das minorias e liberdade de imprensa.

A seguir, von der Leyen lembrou o que a UE significou ao longo dos anos, passando de uma zona de livre comércio para uma comunidade de valores, consistindo em "proteger todos os povos" e garantir "os mesmos direitos para todos os seres humanos".

A presidente da Comissão Europeia deu três exemplos em que a UE já é vanguarda no mundo: igualdade entre homens e mulheres, regulação do espaço digital e medidas contra a crise climática.

Sublinhou em concreto a questão de género, que se manifesta em exemplos como ruas sem violência, "o direito de se casar com quem se ama", o direito de ser mãe e ao mesmo tempo profissional, os mesmos salários para o mesmo trabalho e a possibilidade de ver mulheres no judiciário, nos campos de futebol ou na presidência da Comissão Europeia, como é o seu caso.

No seu discurso após a entrega do prémio a von der Leyen, o Rei Felipe VI da Espanha definiu "democracia, dignidade humana, liberdade, igualdade, Estado de direito e respeito pelos direitos humanos" como a visão que os valores europeus encarnam.

"Compartilhamos claramente a crença de que a democracia é hoje a alma da Europa", insistiu o monarca, que disse à presidente da Comissão Europeia: "Podem contar com a Espanha no caminho rumo a esse objetivo, um projeto europeu de valores, direitos, liberdades, prosperidade e paz".

Felipe VI - que já havia recebido o mesmo prémio em 2019 - salientou que num mundo onde se questionam e discutem todo o tipo de instituições e regulamentos, a Comissão representa melhor do que ninguém "os valores da moderação e da centralidade como chaves da forma de fazer política" e que permitem o diálogo entre os diferentes Estados e grupos políticos europeus.

Pouco antes de Felipe VI, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, enalteceu o significado e o papel da União Europeia, que há décadas é capaz de "trazer paz e prosperidade à Europa".

Trudeau lembrou que o Brexit, o euroceticismo, o protecionismo e o populismo ameaçaram o projeto europeu ao mesmo tempo ou sucessivamente, assim como o slogan "America First" ("os Estados Unidos em primeiro lugar", do ex-presidente norte-americano Donald Trump), mas que o Canadá e a União Europeia compartilham firmemente valores contra o isolamento.