Esta semana ficámos a saber, pelas famílias deste concelho, o modelo que o Governo Regional irá adotar para o apoio com manuais escolares às crianças do Primeiro Ciclo. Basicamente, e perante famílias já a braços com um aumento generalizado dos preços e das taxas de juro, o Governo obrigará que os manuais sejam comprados pelos pais para só depois transferir a ajuda financeira.

Esta forma de atuar não serve na atual conjuntura, porque muitas famílias simplesmente não têm a liquidez necessária para fazer face a este gasto no início do ano letivo. Só mesmo um Governo que vive iludido no suposto sucesso desta ilha, pode achar isto uma boa ideia e uma solução social justa e adequada.

Mas, na verdade, este modelo não cumpre a sua função social, quer em relação aos escalões mais baixos, quer em relação à classe média.

Recordo que este apoio era dado com a entrega direta de livros por algumas autarquias, inclusive a de Santa Cruz, tendo o Governo Regional chamado a si essa função, por razões meramente políticas e partidárias, esvaziando, como gosta de fazer, o papel social do poder local.

Pessoalmente, e enquanto autarca, creio ser minha obrigação levantar a voz em defesa das famílias, e lamento que se avance com estas alterações nos moldes em que elas estão a ser divulgadas pelas escolas aos encarregados de educação, pois considero que as mesmas são reveladoras de uma falta de empatia social para com o momento difícil que as famílias atravessam, para além de revelarem desconhecimento para com a realidade de muitos madeirenses.

Assim, e como já o fizemos em comunicado, lanço o desafio ao Governo Regional de que se em causa está alguma dificuldade no procedimento de aquisição dos manuais, que transfira para as autarquias o respetivo envelope financeiro, ficando estas com a incumbência de adquirirem os manuais e os distribuírem pelas escolas da sua área concelhia.

Penso que o momento difícil que atravessamos, exige que se abandonem os calculismos políticos e se olhe para as pessoas e para as suas dificuldades.