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Ex-funcionário da NSA condenado a 14 dias por invasão do Capitólio com supremacista brancos

Foto SAMUEL CORUM/AFP
Foto SAMUEL CORUM/AFP

Um antigo funcionário da Agência de Segurança Nacional Paul Lovley foi condenado a duas semanas de prisão por ter invadido o Capitólio norte-americana, juntamente com outros elementos descritos pelas autoridades como pertencendo a um movimento supremacista branco.

A juíza federal Colleen Kollar-Kotelly condenou hoje Paul Lovley a 14 dias de prisão, que serão cumpridos durante sete fins de semana, e à pena de três anos em liberdade condicional, anunciou hoje um porta-voz do Gabinete do Procurador dos Estados Unidos para o Distrito de Columbia.

Os procuradores federais tinham pedido uma condenação de 30 dias de prisão para Paul Lovley, que vivia em Halethorpe, no Estado de Maryland, nos Estados Unidos da América.

Paul Lovley, antigo funcionário da Agência de Segurança Nacional, de 24 anos, trabalhava como especialista em tecnologias de informação para a NSA antes do motim e da invasão do Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, segundo os procuradores.

Este antigo funcionário da NSA declarou ser culpado de desfilar, manifestar-se e participar em piquetes no edifício do Capitólio, uma infração que é punível com uma pena de prisão até seis meses.

Ele e quatro outros homens, que os procuradores federais descreveram como sendo membros do movimento supremacista branco America First também foram acusados.

O líder do movimento Nicholas Fuentes é uma pessoa conhecida da Internet por ter opiniões supremacistas brancas e anti-semitas, que são transmitidas ao vivo. Os seus seguidores intitulam-se frequentemente "Groypers" ou membros do "Exército Groyper".

"Os Groypers acreditam que estão a defender-se contra as mudanças demográficas e culturais que estão a destruir a 'verdadeira América', uma nação branca e cristã", escreveu Joseph Huynh, procurador do Departamento de Justiça no processo judicial.

"Os Groypers procuram normalizar a sua ideologia alinhando-a com o 'cristianismo' e os valores 'tradicionais', como o casamento e a família", salienta o mesmo procurador.

Em novembro, o antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi criticado por ter jantado com Fuentes e Ye, o rapper antes conhecido por Kanye West, no seu clube de Mar-a-Lago.

Posteriormente, Trump afirmou que "nunca o tinha conhecido e não sabia nada sobre" Fuentes, antes de estar com ele e Ye no seu clube de Mar-a-Lago.

Fuentes, que estava à porta do Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021, não é acusado de ter entrado no edifício nesse dia, sendo que não foi também acusado de nenhum crime relacionado com o motim, embora alguns dos seus seguidores tenham sido.

Lovley, por sua vez, foi acusado com os co-réus Joseph Brody, Thomas Carey , Jon Lizak e Gabriel Chase.

Os cinco homens, todos na casa dos 20 anos, reuniram-se na casa de Lovely, em Maryland, a 5 de janeiro de 2021.

No dia seguinte, deslocaram-se a Washington e assistiram ao comício de Trump "Stop the Steal".

Após dezenas de desordeiros terem invadiram o Capitólio, os cinco homens entraram no prédio pelas portas do Senado, juntando-se à multidão que empurrava os policias na Cripta e foram para uma sala de conferências do gabinete da então presidente do Congresso Nancy Pelosi, segundo os promotores.

Mais tarde, Brody separou-se do grupo e entrou no Senado, enquanto Lovley e os outros ficaram do lado de fora, adiantaram os promotores.

Depois de terem saído do Capitólio, Brody levantou uma barricada de metal e procurou usá-la para "obstruir ou agredir" um agente da polícia, disseram também os procuradores.

Antes de abandonar o Capitólio, o grupo dirigiu-se para uma zona onde os desordeiros destruíram e saquearam equipamento dos órgãos de comunicação social.

Numa carta dirigida ao juiz, Lovley disse que as suas ações, em 6 de janeiro de 2021, foram "irresponsáveis".

"Estou certo de que nem sequer teria aparecido se soubesse de antemão que o dia se iria transformar naquilo que se viu", disse na carta.

Até agora, mais de 530 pessoas foram condenadas por crimes relacionados com a invasão ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021.