O Abril das ilusões

O mês de Abril caracteriza-se por: no seu primeiro dia ser dedicado às mentiras. Infelizmente em Portugal e à quase meio século essa normativa ou adágio popular do primeiro dia desse mês à 49 anos, parece ter sido prolongado até o então dia 25 do ano de 1974. Pois é, andamos à quase meio século num sucessivo rol de promessas para que politicamente depois os portugueses paulatinamente se desinteressassem da política. O problema até não estará nos portugueses em si, mas sim na maneira de fazer política por parte dos partidos que dominam o sistema á quase 50 anos! julgam-se ter sempre respostas para tudo, considerando-se em tudo responsáveis, daí que tudo prometem e tudo pretendem transformar. Logo que assumem o poder transformam as promessas em arma para perpetuar esse mesmo poder numa lógica de confraria virada de dentro para fora. Atualmente onde os estadistas escasseiam por terem sido substituídos por títeres controlados por poderes globalizados, sendo estes postos de lado para benefício da legalidade partidária que deixando de ser a voz dos cidadãos para passarem a ser os emissários dos patões. Esses manipuladores de mentalidades que são colocados na tribuna partidária onde são formados para fazerem promessas e semearem ilusões e apoiados numa comunicação social que muitas vezes pelas circunstâncias também faz parte dessa cúpula, com o grande objetivo de hipnotizar os cidadãos. É nesse palco das ilusões que vence quem mais promete e mais facilmente engana. Começa a opinião pública a ficar farta deste modelo de propaganda ideológica que apenas tem conduzido ao atual estado de degradação quase anárquica das instituições, dos serviços, enfim de toda uma sucessão de erros gerando a desconfiança no atual sistema político. São os ingredientes principais para que a abstenção se transforme no maior universo do eleitorado. Após todos estes longos anos de (democracia) continuamos com partidos virados de frente para um estado e de costas para os cidadãos. Agora começam a tremer e a rotular aqueles que se apresentam dispostos a mudar todos estes anos de propagandística utópica e de progressiva insatisfação, onde a voz do descontentamento começa a ecoar e a despertar esses cidadãos do estado de hipnose a que foram submetidos. E é vê-los num ato de desespero após 50 anos como (donos do poder), a tentarem ser eles mesmos a solução do que nunca foram capazes e não quiseram ser. Quando se começa a sentir a voz desses cidadãos que durante todo este tempo se manteve em silencio e que agora sentem que têm quem reproduza aquilo que à muito estava-lhes preso na garganta dos cidadãos comuns, aqueles que com o fruto do seu trabalho, esforço, empenho, coragem e dedicação, sentem-se os eternamente castigados por um estado que apenas lhes exige contributo e votos a cada vez que são chamados. Se algo haverá para comemorar deverá ser um novo despertar de Abril em Portugal. Por isso e para muitos começam a acreditar seriamente que em breve chega uma alternativa.

A. J. Ferreira