A Guerra Madeira

As fotos que retratam a homenagem da Madeira à Ucrânia

Cerca de 200 pessoas associaram-se à vigília que assinala 365 dias de guerra no Leste da Europa

Fotos Hélder Santos/ASPRESS Ver Galeria
Fotos Hélder Santos/ASPRESS

O Largo do Colégio serviu mais uma vez de ponto de concentração do povo ucraniano que, tal como há um ano, por esta hora, se juntou para exteriorizar a angústia vivida pela pátria e pelos que lá se encontravam. Familiares, amigos, desconhecidos, compatriotas.

Agora, o mesmo palco que tantas vezes na história da Madeira se tornou palco de comemorações, manifestações ou lamentações encheu-se parcialmente, no espaço de 365 dias, com a presença de muitos refugiados da guerra, ou melhor, parte dos cerca de 800 que escolheram a Região como porto de abrigo desde que se iniciou o conflito.

Centenas de pessoas juntam-se para homenagear vítimas da guerra

Sirenes, tal como as que se ouviam sempre que existia um ataque na Ucrânia, marcaram o início da vigília em homenagem às milhares de vítimas que perderam a vida na guerra.

Miguel Albuquerque, Rita Andrade ou Pedro Calado foram alguns dos políticas que fizeram questão de marcar presença nesta vigília que se realiza à escala global e à qual a Madeira se associou.

Aliás, o presidente do Governo Regional até comentou, na manhã desta sexta-feira, o futuro deste conflito, que na sua opinião irá se arrastar no tempo.

"A democracia exige sacrifício dos cidadãos"

Miguel Albuquerque sobre o impacto da continuação da Guerra na Ucrânia

Pedro Calado apela à paz e à união dos povos

A mensagem deixada pelo presidente da Câmara Municipal do Funchal não podia ser mais clara na vigília que decorreu na Praça do Município e que reuniu cerca de 200 pessoas numa manifestação de solidariedade para com o povo ucraniano.

No dia em que se assinalou um ano da invasão russa ao território ucraniano, Pedro Calado realçou “a resiliência, a capacidade de luta e o sacrifício dos ucranianos”, o que tem sido, na sua opinião, um factor de união de muitos povos pelo mundo fora.

Pedro Calado reiterou que a Câmara Municipal do Funchal está de “braços abertos” para receber a comunidade ucraniana e tudo fará para “proporcionar uma integração plena, algo que desde o primeiro momento temos nos empenhado, com múltiplas iniciativas de solidariedade e apoio”.

Comunidade ucraniana "reconhece capacidade de integração na Região"

Quem também recebeu hoje parte da comunidade foi o PSD-Madeira. Das impressões retiradas por social-democrata Marco Teles destaca-se desde logo o facto de, na Região, existir "uma boa capacidade de resposta do ponto de vista do acolhimento e da integração que apenas esbarra na burocracia e na morosidade dos processos que, estando na dependência do SEF e, por conseguinte, do Governo da República, acabam por influenciar, negativamente, o seu quotidiano.

Posições manifestadas em mais um encontro de trabalho desenvolvido no âmbito do 'Compromisso 2030', desta feita associado à temática da 'União Europeia e Globalização', no qual participaram várias gerações de cidadãos ucranianos, desde os que chegaram à Região na década de 90 até aos que escolheram a Madeira, mais recentemente, para fugir à guerra.

Uma reunião de trabalho que, conforme explicou o coordenador do 'Compromisso 2030' para esta área, Marco Teles, “foi muito produtiva e permitiu perceber de que forma é que esta comunidade tem gerido, à distância, este conflito, bem como as dificuldades que sentem no seu dia-a-dia, vivendo entre nós”.

É de notar o reconhecimento que ouvimos à forma como se sentem integrados na nossa sociedade, embora existam algumas carências às quais seria importante corresponder para o futuro e que passam, essencialmente, por garantir maior apoio e informação, designadamente do ponto de vista jurídico, aos cidadãos que pretendam integrar o mercado de trabalho. Marco Teles

Já no que toca à burocracia identificada como uma das grandes dificuldades sentidas por esta comunidade, Marco Teles explica que o processo de obtenção do Estatuto de Protecção Temporário que salvaguarda os direitos essenciais dentro da União Europeia e que permite, por exemplo, o acesso à educação, à assistência social e ao mercado de trabalho, tem gerado alguns transtornos para os quais foram deixados alertas.

A rematar, a comunidade ucraniana mantém a sua confiança no projecto europeu, apela a que exista maior apoio militar com vista à resolução mais célere do conflito com a Rússia e reconheceu, como bastante positivo, o facto de ter sido dada luz verde ao estatuto de país candidato à União Europeia, embora conscientes de que este será um processo que levará o seu tempo de concretização.