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O Futebol Regional

Qual é hoje a realidade e qual o futuro do futebol madeirense? Devo dizer, perentoriamente, que, atualmente, há limitações que fragilizam as capacidades dos jogadores e treinadores locais. Em conformidade, passo a expender aquilo que entendo dever ser alterado, através de uma estratégia coerente e com a consistência necessária.

Primeiramente, é fulcral repensar a paragem prolongada dos campeonatos seniores, cerca de quatro meses, à qual os agentes desportivos ficam sujeitos, isto é, essas competições iniciam-se em Outubro e finalizam entre Maio e Junho, respetivamente. Como é possível aprimorar o talento regional com o aludido período de interrupção? A meu ver, o período competitivo estabelecia-se durante dez meses.

Além das questões financeiras, é notória a dificuldade das equipas regionais em afirmar-se no Campeonato de Portugal, salvo exceções. Na minha ótica, consoante o contexto, creio que o mais viável é estipular uma única divisão regional de seniores, em vez de duas, isto porque o atual modelo competitivo e número de equipas tornam as competições insustentáveis desportivamente, pois ambas fomentam a estagnação. Certamente findava com diversos problemas, simultaneamente é um mecanismo de envolvência e pioneiro na aptidão dos atores desportivos locais para potenciar o futebol regional rumo aos supremos patamares competitivos.

No que respeita à Divisão de Honra Regional de Seniores, na atualidade é composta por 12 equipas, todas disputam 22 jogos numa temporada. Enquanto o Campeonato Regional da 1º divisão possui 8 equipas, o que causa a vulnerabilidade da natureza competitiva. Ou seja, ambas são competições muito curtas para o desejado, pois, a meu ver, a quantidade ideal varia entre as 16 e as 20 equipas para um padrão vantajoso.

No que concerne aos modelos competitivos implementados e regulamentados, por exemplo o CR da primeira divisão, seguramente tem como objetivo tornar o campeonato mais competitivo e atrativo até à última jornada. O que se passa, contudo, é mais prejudicial do que benéfico para as equipas que apresentam maior regularidade ao longo da primeira fase, uma vez que é prevista a retirada de pontos no final desta, o que implica que as primeiras quatro equipas que disputam a fase de campeão iniciam a segunda fase com “50% dos pontos conquistados na primeira fase”, enquanto os clubes da Série B, do 5º ao 8º lugar “iniciam a participação na segunda fase com 25% dos pontos conquistados na primeira fase”. Creio que estes critérios demonstram a insustentabilidade desportiva da referida competição.

É, assim, vital, segundo a estratégia que aqui defendo, fazer ajustes no futebol regional para desenvolver o talento e a competitividade, destacando, nas alterações que aqui preconizo, a reestruturação do calendário competitivo. Face à conjuntura atual, é viável criar um campeonato singular com as 20 equipas atuais, juntando as do segundo escalão com as do primeiro. Esta hipótese findava com a maioria das limitações atuais. Em alternativa à proposta de um único campeonato, aumentar o número de equipas nas duas divisões e particularmente modificar o modelo competitivo da “segunda divisão”.

Por fim, as futuras decisões devem basear-se nos interesses dos atletas e dos treinadores, de modo a construir uma base que lhes permita desenvolver altos níveis de desempenho, que os levem ao crescimento qualitativo e regularidade nas competições nacionais.