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Afinal, porquê é que queremos atrair investimento externo para a Madeira?

O mais óbvio é que uma entrada de uma empresa não pode resultar numa perda agregada de valor para a Região

Afinal, porquê é que queremos atrair investimento externo para a Madeira? E que tipo de investimento?

O investimento externo traz diversos benefícios às economias locais, ao ponto de quase todos os governantes se esforçarem para atraí-lo. Tem como vantagens, entre outras:

- Desenvolvimento da economia local - entrada de capital a aplicar localmente, aumento dos impostos recolhidos, aumento da empregabilidade da população local, etc.

- Atração de tecnologias e métodos que não estejam em utilização na RAM

- Potenciação dos recursos locais

- Potenciação de carreiras e progressão profissional aos locais

No entanto, é preciso frisar que nem todo o investimento externo é criado de forma igual. Não é igual ter um investidor a usar o regime dos vistos gold (também importantes) para comprar uma habitação ou ter um investidor externo a criar uma empresa que irá pagar impostos cá e contratar recursos humanos regionais.

No entanto, também é importante notar que, mesmo dentro das empresas, existem níveis diferentes de benefícios ao contexto local consoante o tipo de atividade que a empresa irá realizar.

Isto acontece por dois motivos, um mais óbvio do que outro.

O mais óbvio é que uma entrada de uma empresa não pode resultar numa perda agregada de valor para a Região: uma empresa que fosse fazer extração das areias do Porto Santo resultaria numa perda de valor brutal para a Região, independentemente dos impostos pagos e trabalho gerado pela mesma.

O outro motivo está relacionado com a razão pela qual a empresa veio. Uma empresa que escolha a Madeira porque os seus trabalhadores recebem pouco terá sempre um impacto limitado nos benefícios para a Região.

Sim, irá pagar impostos cá e empregar colaboradores, mas terá pouco nas possibilidades de progressão profissional dos madeirenses ou na qualidade da I&D desenvolvido na RAM.

Idealmente, a Madeira coloca-se numa posição em que atrai empresas na vanguarda da tecnologia que estabeleçam na Madeira os seus centros de investigação e operação.

A questão é como o fazer? Alguns fatores podem ajudar:

- Vantagens fiscais (quer pela fiscalidade da RAM, quer via CINM)

- Tecnologias que permitem trabalho remoto ao centro de operações

- Espaços de trabalho relativamente baratos

- População local com formação

- Mercado integrado na UE

- Direcionamento de subsídios a atividades de geração de valor (subsídios à aquisição de ativos em projetos com carácter de inovação, apoios fiscais a entidades que façam investigação, etc.)

Mas também existem pontos negativos como o sistema judicial ineficiente, a situação política nacional atual e rigidez da legislação laboral.

É importante entender que este será um ponto fulcral para a evolução da RAM e teremos competição feroz de outros mercados que estão, e continuarão, a se posicionar como locais atrativos ao investimento.