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Falando de Stress

Nas velozes e exigentes dimensões da vida diária contemporânea o stress tornou-se uma companhia habitual. Embora seja uma resposta natural com função adaptativa, a sua prevalência excessiva na sociedade moderna levanta questões sobre os seus impactos na saúde mental.

Afinal, o que é o stress e que estratégias utilizar para lidar com ele?

O stress é uma resposta biológica complexa, com raízes evolutivas profundas, crucial para a nossa sobrevivência, porque prepara o corpo, através do aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, para responder a ameaças iminentes, possibilitando respostas rápidas de luta, fuga, paralisação ou rendição. É também um mecanismo essencial ativador, permitindo-nos ser responsivos aos desafios e concretizar objetivos da nossa vida, focalizando recursos cognitivos.

Num mundo moderno, porém, onde as ameaças à sobrevivência são menos frequentes, são as pressões quotidianas que muitas vezes desencadeiam essa mesma resposta, como quando lidamos com prazos, relacionamentos pessoais e laborais difíceis e frustrações e exigências várias.

Quando o stress se torna crónico, os seus efeitos podem ser vastos, incluindo desregulação hormonal por ativação excessiva do sistema nervoso simpático, fragilização do sistema imunitário por libertação excessiva de cortisol, risco de doenças cardiovasculares, comprometimento de funções cerebrais, assim como condições ansiosas, fadiga, irritabilidade, isolamento, depressão e distúrbios de sono, contribuindo para um círculo vicioso.

Um passo crucial para geri-lo de forma eficaz é identificar as suas fontes e gatilhos, que podem ter origem em dimensões laborais, relacionais, financeiras, de saúde ou perdas. A psicoterapia pode trabalhar no reconhecimento, compreensão e aceitação das emoções, pensamentos e comportamentos associados, ampliando a consciência acerca de como estamos a funcionar e das variáveis envolvidas, mobilizando-se depois estratégias para gerir a vida com maior equilíbrio.

Algumas das mudanças que se podem implementar na gestão do stress podem passar por:

- Uma melhor administração do tempo, organizando e priorizando tarefas;

- Aprender a dizer “não” quando necessário, colocando limites;

- Evitar o excesso de compromissos, reduzindo a sensação de sobrecarga e aumentando a de competência;

- Estabelecer boas conexões sociais e partilhar preocupações com amigos, familiares ou colegas de confiança, que proporcionam perspetivas diferente sobre os desafios, mas também oferecem alívio e redução do solitário fardo emocional;

- Realizar atividade física regular, pois liberta endorfinas (hormonas do prazer) e reduz os níveis de cortisol, promovendo muitas vezes fatores protetores de socialização e sensação de aceitação e pertença a um grupo;

- Estabelecer limites digitais, pois além do efeito de comparação ansiogénico das redes sociais, o tempo voa, e perdemos tempo para investir no que é prioritário;

- Praticar regularmente mindfulness e técnicas de respiração, ferramentas de bolso importantes para nos ancorarmos no aqui e agora e recentrarmo-nos e equilibramo-nos;

- Recorrer a um psicólogo, com vista a promover estratégias e competências mais saudáveis no enfrentamento e resolução de desafios nas várias dimensões de vida.