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Madeira

Um testemunho de uma doente de Crohn

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Está na recta final. Carla Cabral, é portadora de uma doença de Crohn, inflamatória crónica transmural que normalmente afecta o íleo distal e o cólon, mas pode ocorrer em qualquer parte do trato gastrintestinal. Os sintomas incluem diarreia e dor abdominal, disse. É um testemunho arrepiante.

A sua viagem começa com uma viagem tímida. Na infância. “Tinha uma grande dificuldade de expressão” daí a escolha pela pintura onde licenciou-se no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira. “Essa menina tímida muda com adolescência. É comum apontar o meu mau feitio mas foi esse mau feitio que me trouxe até aqui”.

“Tem sido uma viagem com altos e baixos e com muita resiliência. Não abdicaria de nada… a não ser a dor”, manifestou, dizendo que as dores que têm vindo acentuar-se ao longo da sua vida. Aos 26 perdeu ao seu cólon. “Por completo. Tive perto de morrer”, afirmou.

“Senti uma paz enorme. Vi um túnel de luz branca e não senti dor. Lembro-me de dois médicos ao pé de mim, além da mãe que a segurava na mão. Com eles aprendi a ser uma boa doente. Aprendi muitas vezes a dizer: Agora é que é”, o lema do TEDx Funchal. 

“Aprendi a lidar com a perda e com a dor e pensar que não somos os únicos”, mas “quando temos uma casa de banho por perto está tudo bem”, expressou num tom comovente com o auditório em absoluto silêncio.

Quando perdi o cólon viveu com muitas hemorragias, fez mais uma cirurgia, era de risco, por isso pediu uma reunião familiar porque considera que o apoio familiar torna-se essencial. “Os primeiros dias após a cirurgias foram horríveis e senti muitos medos. Muitas inseguranças. Percebi que tinha de pedir apoio. Não pode ser tabu e cheguei a aceitação”.  

Deu graças por comer um chocolate de fazer canyoning, mas defendeu uma mudança de legislação laboral para este tipo de doentes. "É preciso dizer não. É preciso dizer que tenho prioridades na bicha do autocarro ou do WC, mesmo que ouçam insultos", exortou.