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ONU alerta que situação na Síria está agora no "nível mais perigoso" em muito tempo

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Foto Shutterstock

O enviado especial da ONU para a Síria alertou hoje que a situação no país "está no nível mais perigoso" em muito tempo, agravada por repercussões já sentidas do conflito em Israel e no território palestiniano ocupado.

"Além da violência que emana do próprio conflito sírio, o povo sírio enfrenta agora uma perspetiva terrível de uma potencial escalada mais ampla, dados os desenvolvimentos alarmantes em Israel, no território palestiniano ocupado e na região. A repercussão na Síria não é apenas um risco. Já começou", disse Geir Pedersen.

Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para abordar a situação na Síria, Pedersen denunciou que ataques aéreos atribuídos a Israel atingiram várias vezes os aeroportos de Aleppo e Damasco, paralisando temporariamente o serviço aéreo humanitário da ONU.

Além disso, os Estados Unidos (EUA) afirmaram que as suas forças enfrentaram múltiplos ataques por parte de grupos alegadamente apoiados pelo Irão, incluindo em território sírio, levando Washington a realizar ataques a instalações na Síria que afirmam serem utilizadas pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão.

"Com a região no seu estado mais perigoso e tenso desde há muito tempo, está a ser adicionado combustível a uma caixa de pólvora que já estava a começar a pegar fogo. Mesmo antes dos desenvolvimentos regionais, a Síria assistia ao pior aumento da violência em mais de três anos", disse o enviado das Nações Unidas, relatando uma série de ataques no último mês.

Além da questão de segurança, Pedersen observou que a economia síria permanece "num estado terrível e em agravamento"; as infraestruturas críticas estão degradadas ou destruídas; a situação humanitária "é alarmante"; e avolumam-se relatos de detenções arbitrárias, de tortura e de mortes sob custódia, não havendo avanços significativos nos processos dos detidos e desaparecidos.

"A Síria, o povo sírio e toda a região não estão em condições de suportar novas eclosões de conflitos violentos na Síria, sejam elas causadas por dinâmicas internas ou externas", afirmou.

Na reunião de hoje, a embaixadora norte-americana junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, criticou duramente o Governo de Bashar al-Assad, indicando que grupos terroristas, alguns apoiados pelo regime sírio e pelo Irão, ameaçam expandir o conflito entre Israel e o Hamas além de Gaza, utilizando o território sírio para planear e lançar ataques contra Israel.

"O regime sírio permitiu que o Irão e grupos terroristas, incluindo o Hezbollah, utilizassem os seus aeroportos internacionais para fins militares. Ao fazê-lo, o regime de Assad colocou em risco os viajantes civis nesses aeroportos. O regime deveria parar de fazer o papel de vítima", disse a diplomata dos EUA.

De acordo com Greenfield, os EUA alertaram todos os intervenientes para não aproveitarem a situação em Gaza para ampliar ou aprofundar o conflito e deixaram claro que responderão aos ataques contra o pessoal norte-americano e instalações na Síria ou contra os interesses dos EUA.

"E, quando apropriado, exerceremos o nosso direito à autodefesa de forma vigorosa, proporcional e de uma forma que minimize os danos civis", disse a embaixadora.

"Ninguém pode argumentar que os ataques dos EUA foram -- ou serão -- sem aviso prévio. E como afirmou o Secretário da Defesa dos EUA, após os recentes ataques, os Estados Unidos não hesitarão em tomar outras medidas necessárias para proteger o nosso povo", acrescentou.

Na sua intervenção perante o Conselho, o governo da Síria "relembrou os EUA do seu histórico repleto de episódios negros no Médio Oriente, incluindo a destruição do Iraque com base em mentiras e, posteriormente, o apoio incondicional a Israel", apesar do enorme número de vítimas civis palestinianas.