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Angola apela ao "acantonamento" do grupo rebelde M23 no Leste da RDC

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O processo de mediação da União Africana (UA) entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda está "estagnado", admitiu hoje o presidente angolano, defendendo o "acantonamento" dos rebeldes do Movimento 23 de março (M23).

O grupo rebelde M23 reapareceu no final de 2021, momento em que os conflitos na região se agravaram novamente: Só este mês, mais de 84.700 pessoas foram obrigadas a fugir das suas casas, segundo estimativas da ONU.

"Fizemos muitos progressos, mas estagnámos numa questão. Precisamos que o acantonamento do M23 tenha lugar e, enquanto isso não acontecer, arriscamo-nos a perder todos os ganhos que obtivemos até agora", afirmou o presidente angolano, João Lourenço, durante uma conferência de imprensa conjunta em Nairobi com o seu homólogo queniano, William Ruto, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

O presidente do país que lidera o processo de negociação da União Africana entre os dois países disse não querer "que fique estagnado": "Queremos passar à fase seguinte, que é importante e que tem de ser o acantonamento do M23", afirmou João Lourenço.

Sem querer "entrar em detalhes sobre os obstáculos" encontrados, o presidente angolano sublinhou que quer "permanecer otimista".

Já William Ruto, cujo país está a liderar um diálogo com muitos dos grupos armados que operam no leste da RDC, disse que estão preparados para encontrar um mecanismo que permita ao povo congolês envolver-se em "consultas para facilitar o acantonamento do M23", uma vez alcançado um acordo sobre "o que acontece a seguir".

As tropas angolanas serão responsáveis pela "guarda" destes acantonamentos, acrescentou Ruto, citado pela EFE.

A ONU reafirmou esta semana estar preocupada com o risco de "confrontação direta" entre a RDC e o Ruanda.

No ano passado, os rebeldes do M23 apoderaram-se de vastos territórios na província do Kivu do Norte, que continuam a ocupar

Após seis meses de calma precária, os combates recomeçaram no início de outubro, obrigando mais de 84.700 pessoas a fugir das suas casas, segundo estimativas da ONU, relativas só a este mês.

O leste da RDC é alvo há quase 30 anos de atos de violência levados a cabo por vários grupos armados, muitos deles herdados dos conflitos regionais de 1990-2000.