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Festival de Órgão encerra este domingo com concerto na Igreja do Convento de Santa Clara

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Depois de 9 concertos realizados em igrejas do Funchal e Machico, o 12.º Festival Internacional de Órgão da Madeira, evento promovido pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura através da Direcção Regional da Cultura, termina com chave de ouro, este domingo, pelas 18 horas, com um concerto na Igreja do Convento de Santa Clara

"Sob o tema 'Magnificat: O legado de Aguilera de Heredia', o concerto conta com a actuação do organista Sérgio Silva e do conjunto vocal e instrumental de música antiga La Grande Chapelle (constituído por Axelle Bernage e Raquel Mendes – cantus, David Sagastume e Fernando Guimarães – altus, Achim Schulz e Frederico Projecto – tenor, Gabriele Lombardi e Marcus Schmidl - bassus e Marta Vicente – violone), dirigido por Albert Recasens", revela nota emitida pela Secretaria Regional do Turismo e Cultura. 

"Sobre o programa do concerto de amanhã, em estreia, refira-se que Sebastián Aguilera de Heredia é uma das principais figuras da escola aragonesa do final do século XVI e início do XVII. Foi organista da Catedral de Huesca entre 1585 e 1603, e de La Seo em Saragoça de 1603 até à sua morte em 1627. As suas composições sobre o Magnificat – algumas das quais são apresentadas neste concerto pelo ensemble La Grande Chapelle, juntamente com algumas das suas obras para órgão – constituem um dos melhores exemplos da polifonia espanhola", acrescenta. 

"Os séculos XVI e XVII constituem os Siglos de oro da cultura hispânica. No entanto, o período de 1580-1640 concentra grande parte da efervescência que as letras e as artes viveram na Península Ibérica. Nomes como Cervantes, Lope de Vega, Góngora, Calderón de la Barca, Herrera, Velázquez, Zurbarán, Ribera ou Gracián marcam o apogeu cultural de uma época, a da monarquia hispânica, que paradoxalmente contrasta com a decadência política e uma enorme crise econômica. Essas cinco décadas prodigiosas coincidem com a dinastia Filipina, a união dinástica entre Espanha e Portugal. De fato, ambos os países compartilharam um frutífero período artístico e cultural comum, que deu origem, juntamente com Itália, ao início da Idade Moderna em toda a Europa, onde uma nova concepção do mundo colocará o indivíduo no centro de todas as coisas. O florescimento também ocorreu no campo musical, com grandes mestres da polifonia como Tomás Luis de Victoria, Alonso Lobo ou Mateo Romero, na Espanha, ou Manoel Machado, Manoel Cardoso ou Duarte Lobo em Portugal, que introduzem o estilo barroco – o da policoralidade, da monodia acompanhada e da expressividade – na península. Um dos principais objectivos de La Grande Chapelle foi, precisamente, resgatar do esquecimento esses músicos extraordinários que serviram em catedrais e palácios de ambos os lados do Atlântico. Após cerca de vinte discos e dezenas de estreias, Sebastián Aguilera de Heredia (1561-1627) aguardava a sua vez, devido à sua importância histórica e qualidade musical. Aguilera é um dos compositores de música para órgão mais importantes da Península Ibérica", refere Albert Recasens.

E acrescenta: "O programa que será estreado no Festival Internacional de Órgão da Madeira, “graças ao seu generoso convite e à sua aposta em repertórios menos conhecidos, resgata uma selecção desses 'Magnificat'. Estas peças vocais serão ouvidas de novo, em conjunto com algumas das páginas mais brilhantes do próprio Aguilera de Heredia ou alguns versos de Manuel Rodrigues Coelho, cujo livro 'Flores de musica pera o instrumento de tecla & harpa' (1620) é apenas dois anos posterior ao Canticum de Aguilera e é dedicado ao rei Felipe II de Portugal e III de Espanha.”

A 12.ª edição Festival Internacional de Órgão da Madeira iniciou-se, no passado dia 13 de Outubro, tendo voltado a aliar um programa de concertos musicais únicos à divulgação do rico património organístico existente na Região com um total de 10 concertos em 8 igrejas. fes