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As Ilhas, faróis de esperança no mapa da migração

Os acontecimentos recentes voltam a colocar a questão da migração no centro do debate europeu e as ilhas continuam a desempenhar um papel estratégico nas rotas de entrada na Europa.

A ilha italiana de Lampedusa, recebeu 12 mil pessoas em dois dias, em contraste com uma população local que não ultrapassa os 6 mil habitantes. A ilha espanhola de El Hierro também vivenciou episódios inéditos nas suas costas, ao receber 1.200 migrantes numa semana, o que equivale a 10% da população local.

As manchetes somam e seguem. A Polónia emitiu vistos Schengen falsos que permitiram a entrada irregular de 250 mil pessoas em território europeu. Em resposta a esta situação, a Alemanha decidiu reativar os controles fronteiriços. O chanceler Scholz deixou claro que não permitirá uma nova política de portas abertas, como a que foi implementada pela sua antecessora, Angela Merkel, em 2015, quando a Alemanha acolheu aproximadamente 1 milhão e meio de refugiados sírios.

Retornamos à realidade das ilhas no mapa da migração. Lampedusa volta a ser a principal porta de entrada marítima para a Europa. As imagens recentes remetem-nos há 10 anos, quando um naufrágio resultou na morte de 368 pessoas. O aniversário desta tragédia parece evocar um passado que as autoridades não desejam que se repita.

A presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, decidiu visitar a ilha italiana como demonstração de solidariedade. No entanto, apesar da aprovação de um novo plano de ação com 10 pontos específicos para a Lampedusa, as tão esperadas cotas de distribuição entre os Estados-Membros da UE parecem continuar sendo uma utopia.

As vozes de preocupação não cessam e em sua recente visita à cidade francesa de Marselha, o Papa Francisco fez um apelo aos líderes europeus, deixando claro que “quem arrisca a vida no mar não invade, procura acolhimento”- referindo-se aos milhares de migrantes que arriscam as suas vidas no Mar Mediterrâneo.

E, por que olhar à nossa volta para o que está acontecendo com migrantes a tantos quilómetros de distância das costas da Madeira? Porque a Europa é chamada à solidariedade no que diz respeito à gestão dos fluxos migratórios.

Hoje, a Lampedusa e El Hierro representam um farol de esperança para aqueles que deixam a sua terra natal em busca de uma vida melhor. No entanto, a Madeira também foi, no passado, um porto seguro para os 2 mil refugiados que chegaram de Gibraltar durante a II Guerra Mundial e encontraram na Madeira um lar. A Madeira foi um refúgio, e com certeza o seria novamente se fosse chamada a acolher as vítimas de uma guerra.